Cotidiano

Após quase 5 anos, polícia ainda não tem resposta sobre sumiço de presos

Familiares contam que nunca receberam informações sobre o paradeiro dos detentos

Após quase cinco anos do desaparecimento de sete detentos na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PAMC), familiares ainda não tem informações sobre o paradeiro dos homens, que desapareceram no dia 24 de abril de 2017, de uma das celas da unidade prisional.

Na época do desaparecimento, a polícia disse que Moises Batista, Fernando Ribeiro, Lindomar Santos, Handerson da Silva, Cleuto Braga, Renato Luan e Alan Batista fugiram da unidade prisional, possibilidade o que a família descarta e alega que os detentos teriam sido mortos por policiais.

A reportagem conversou com a mãe de um dos detentos, que prefere não se identificar e será utilizado o nome fictício de Marta.

De acordo com Marta, desde o desaparecimento do filho, a Polícia não deu retorno sobre o paradeiro. “Eles dizem que eles fugiram, mas ninguém viu, a polícia diz que as câmeras de segurança falharam. Como que sete pessoas somem assim e ninguém vê?”, questionou Marta.

DIA DO DESAPARECIMENTO- Marta acredita que o filho foi morto pelos policiais, pois segundo informações de dois outros presos, os sete homens foram espancados e ‘jogados’ no camburão de uma viatura desmaiados.

Além disso, um servidor que presta serviço de recolhimento de marmitas da unidade também foi morto porque viu a ação.

Alguns dos presos que sumiram são apontados de fazer parte de uma quadrilha que assassinou o agente penitenciário Alvino Mesquita, no dia 20 de abril de 2017, quatro dias antes do desaparecimento.

“Os meninos, que estão lá dentro viram o que aconteceu e me falaram isso. Tentei colher mais informações, mas eles ficaram com medo de também serem mortos. Os policiais fizeram isso por vingança pela morte do agente”, disse.

A mãe do detento destacou que estão envolvidas nos desaparecimentos, mais de 60 pessoas, entre policiais, agentes e servidores da unidade prisional.

“Eles sabem onde está o meu filho e o que aconteceu. O meu instinto de mãe sabe que ele foi morto. Eu só quero o corpo dele, só quero encontrar o meu filho. Quero que justiça seja feita porque acabaram com a minha família”, declarou.

 A reportagem também entrou em contato com a ex-mulher de um dos detentos, que também acredita que o marido foi assassinado.

“Se ele estivesse vivo teria entrado em contato com a família, coisa que jamais foi feita por nenhum dos sete. Nós só queremos que justiça seja feita e tudo seja esclarecido para acabar com essa angustia”, disse.

Ambas as mulheres informaram que tem medo de sofrer represálias. Tendo em vista, que uma delas informou já ter sofrido ameaças de policiais.

Em nota a Polícia Civil informou que o procedimento instaurado no Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD) para investigar o caso dos sete detentos desaparecidos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em 2017, foi encaminhado para apuração na Força Tarefa criada em agosto de 2021 no âmbito da Delegacia Geral de Homicídios, para acompanhamento de investigações policiais sem autoria definida, através de inquéritos policiais instaurados naquela unidade até março de 2021.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, após análise dos autos pela FT, foi solicitado que o caso retorne para o NIPD. “Uma vez que a investigação em tese não apura crime de homicídio, e que o procedimento não se enquadra no perfil das investigações que abrangem a FT”, diz o trecho da nota.

Por conta disso, o delegado João Evangelista, que coordena a FT, teria solicitado ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, que as investigações que apuram o caso tenham continuidade no NIPD, e aguarda resposta.

“Sendo assim, somente com a finalização do trabalho policial, será possível repassar informações acerca da investigação em curso”, finaliza a nota.