Cotidiano

Professores da rede estadual devem decidir se entram em greve em assemblei

A principal reivindicação da categoria é o reajuste anual de 45% que não é concedido desde 2015

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima deve se reunir com os professores da rede estadual de ensino após o dia 27 de janeiro, quando termina o período de férias da categoria, para fazer uma assembleia geral onde vão decidir se entram em greve por reajuste salarial. 

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, a diretora do departamento da Mulher, Antônia Pedrosa, e o diretor do Departamento dos Professores Estaduais, Valdemar Júnior, ressaltaram que os professores da rede estadual estão sem reajuste salarial desde 2015. 

“A última reposição foi em 2015 de 4,5%. Estamos há seis anos sem reajuste. Desde o ano passado estamos pleiteando esse reajuste e estamos em iminência de greve porque na Lei Orçamentária Anual [LOA] de 2022 não há previsão para esse reajuste”, disse Júnior. 

Antônia ressaltou que a categoria luta por um reajuste significativo. Em um cálculo feito pelo Sinter, devido aos seis anos sem reposição salarial, a perda salarial no período é de 40%. 

“Se levarmos em consideração a inflação, esse percentual ultrapassa os 40%. Não podemos aceitar um reajuste menor que isso. Tentamos o diálogo, o Governo sinalizou que haverá esse reajuste mas não definiu uma data e nem o percentual. Como não fomos contemplados na LOA, estamos sem condições de esperar mais. Quando se esgota o diálogo, surge a ideia da paralisação”, disse.

O diretor do Departamento dos Professores Estaduais ressaltou que o Governo afirma estar com as contas em dia e que houve aumento na arrecadação. “Também vieram mais recursos para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica [Fundeb], inclusive fizeram um rateio do dinheiro entre os profissionais da educação. Outras categorias como a segurança, por exemplo, também tiveram reajustes, não é justo que sejamos penalizados”, lamentou Júnior. 

Ele também frisou que o Estado tem condições de arcar com o reajuste da categoria, uma vez que ainda não atingiu a margem de gasto com folha, que de acordo com a lei de responsabilidade fiscal não pode ultrapassar 49% do orçamento total. “Hoje esse percentual está em 40%, o Governo ainda tem uma margem de 9% e tem condições de atender a nossa reivindicação”, pontuou.

Para a diretora do Departamento da Mulher do Sinter, além de um direito garantido, o reajuste é mais do que justo para recompor as perdas salariais. “Ao contrário do que muitos pensam, não paramos de trabalhar nessa pandemia de covid-19. Tivemos que nos ajustar ao ensino remoto, tirar do próprio bolso o dinheiro para comprar computador, celular e pacote de internet para que pudéssemos dar continuidade às aulas”, declarou Antônia. 

Ela também defendeu o retorno às aulas presenciais. “Precisamos voltar para a sala de aula de forma presencial. A pandemia atrasou tudo, mas não podemos fazer isso sem que todos se vacinem. É muito importante que os professores se vacinem e os pais com filhos a partir dos cinco anos também o façam para que possamos voltar à normalidade o quanto antes”, disse. 

Sinter defende comunicação entre órgãos responsáveis para concessão de aposentadorias 

Ainda durante a entrevista ao programa Agenda da Semana, o diretor do Departamento de Professores Estaduais, Valdemir Júnior, afirmou que a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), a Secretaria de Estado de Gestão Estratégica e Administração (Segad) e o Instituto de Previdência do Estado de Roraima (Iper) trabalhem de forma integrada no momento de conceder a aposentadoria aos servidores da Educação. 

“O Governo precisa informatizar a Seed, otimizar esse processo. Alertar o professor que está perto de se aposentar para correr atrás da vida funcional. Os professores de carreira de magistério, que entraram no concurso de 1994 estão se aposentando aos poucos e não tiveram progressões atualizadas. Somente este ano foram cerca de 600 que se aposentaram e não tiveram esses cálculos feitos. Deve haver harmonia entre Segad, Seed e Iper para quando chegar o momento da aposentadoria, o servidor esteja com todos os direitos em dia”, sugeriu. 

Júnior destacou que a atualização das progressões é um direito garantido. “Esse dinheiro vai ter que sair de alguma forma, seja o Governo pagando as progressões ou seja por meio de precatório com ordem judicial. É um dever que o Estado tem que cumprir e só cumpre quando a Justiça entra em cena. Isso só gera desgaste, greves e paralisações”, lamentou.