Política

Condisi/YY critica criação de comitê após dois anos de pandemia

O comitê será responsável pela governança e pelo monitoramento das ações de combate à pandemia da covid-19 destinadas aos povos indígenas

Após quase dois anos de pandemia, o presidente Jair Bolsonaro editou decreto que institui o Comitê Gestor dos Planos de Enfrentamento a covid-19 para os povos indígenas. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, dia 11. A demora na criação deste comitê foi criticada pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi/YY).

Em entrevista à Folha de Boa Vista, o presidente do Conselho, Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que durante a pandemia de covid-19, o povo Yanomami sobrevive sozinho com apoio dos espíritos da floresta e da medicina tradicional. “Nossos profissionais de saúde que estavam na linha de frente sofreram junto conosco, e muitos perderam suas vidas. É lamentável que o governo só reconheça a necessidade da criação de um comitê apenas dois anos depois de uma série de situações lastimáveis”, lamentou.

Ele acredita ainda que o Comitê não vai mudar muita coisa. “Nosso pior problema iniciou em 2020, seria correto que tivesse instituído esse comitê nesta época. Durante todo esse tempo fomos atendidos por nossas equipes de saúde nos polos bases de cada região, mas nunca de forma compatível com a quantidade de população, o que torna tudo mais difícil tanto para os profissionais quanto para os Yanomami. Creio que mesmo sendo criado agora, não será posto em prática, ficará apenas no papel, como muitos outros”, criticou. 

O presidente do Condisi/YY disse ainda que a saúde Yanomami está em colapso e não há previsão do que será feito para amenizar isso. “Os gestores são incapazes de compreender a Saúde Indígena, o garimpo ilegal adentrou de uma forma absurda e com isso nos acarreta em inúmeros casos de malária, desnutrição grave e pneumonia”, disse. 

COMITÊ – De acordo com nota da Secretaria Geral da Presidência, o colegiado será responsável pela governança e pelo monitoramento das ações de combate à pandemia da covid-19 destinadas aos povos indígenas, notadamente os isolados e de recente contato.

O decreto prevê ainda a criação de um Centro de Coordenação de Operações, responsável pela coordenação da execução das atividades operacionais e logísticas dos planos de enfrentamento da covid-19.