Independentemente das causas da queda de cabelo, se ver perdendo os fios que caem da raiz, com o volume diminuindo a cada dia, é uma desagradável constatação para muita gente e, quase sempre, uma surpresa quando acontece lenta e gradativamente. A luz de alerta se acende quando o problema persiste, mesmo quando quem passa por isso resolve investir em vários produtos cosméticos em busca de uma solução rápida e não consegue o resultado esperado.
O mercado de beleza e cuidados pessoais brasileiro é o quarto maior do mundo (Euromonitor, 2018), e sempre ocupa posições privilegiadas em diversas pesquisas desses segmentos. Produtos capilares compõe uma boa fatia desse mercado com variedade considerável de opções que prometem eliminar a queda de cabelos com cosméticos para usar em casa. Mas seria simples assim tratar um problema que faz o fio de cabelo cair por completo? E quando é necessário procurar um médico especialista?
Quem esclarece essas dúvidas é o médico e tricologista Ademir Junior.
As causas para queda de cabelo podem ser externas e internas, em ambos, investigar adequadamente é o que garante direcionamento para tratamentos eficazes. O que o tricologista ressalta é que seja levado em consideração a individualidade do paciente na avaliação, pois, “se houver um equilíbrio entre a perda e a reposição naturais dos fios, dentro de uma quantidade aceitável, é considerado normal. Embora não haja um número exato para isso [queda], sobretudo de pessoa para pessoa”.
“Existe uma farta gama de informações disponíveis para o público elencando as principais causas para queda de cabelos. No tratamento delas, independente da origem, acaba sendo considerado apenas a interrupção da queda como a solução. O que defendo é que o paciente conquiste a retomada de crescimento dada como normal para sua individualidade e, com essa abordagem, tenha a interrupção da perda como consequência”, explica Dr Ademir.
O profissional, que é presidente da Academia Brasileira de Tricologia e leciona sobre o tema há 15 anos, ressalta ainda que a quantidade de abordagens disponíveis para tratar é vasta, mas pouco explorada, o que acaba prejudicando a percepção do paciente sobre eficácia de tratamentos médicos nessa área. “Os pacientes se justificam no fato de que “já tentaram de tudo”, quando ouço essa frase e pergunto o que ele chama de “tudo”, normalmente não foram utilizados 10% das possibilidades de tratamento que poderiam ajudá-los”.
Quanto a procurar ou não um médico quando a queda de cabelo fica evidente, Dr Ademir salienta que um diagnóstico correto da causa é fator fundamental para contextualizar o tratamento junto ao paciente, e que isso faz parte da competência médica. Em sua longa carreira tratando queda, o profissional acredita que a soma de ansiedade, imediatismo e desespero deixa o paciente vulnerável para interferências que em nada colaboram podendo, inclusive, prejudicar o tratamento. “Os que se desesperam e acabam inserindo em seus tratamentos vitaminas, suplementos, lasers que compraram após terem visto comerciais de TV, entre tantas outras intervenções que não foram orientadas pelo profissional, acabam ficando ainda mais ansiosos, pois, independente do que façam, cada queda de cabelo tem seu tempo para melhorar”, conclui.