Uma taxa cobrada por um pátio particular responsável por organizar a fila de carretas antes da entrada do posto aduaneiro da Receita Federal em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, foi criticada por dois caminhoneiros.
Sob a condição de anonimato, eles reclamaram à FolhaBV sobre a necessidade da cobrança de R$ 10 por carreta, taxa que é cobrada há, pelo menos, um ano. “Não sei onde está na lei que a gente tem que pagar pra entrar num órgão federal”, disse um caminhoneiro.
Outro caminhoneiro afirmou que teria sido multado pela Receita Federal por discordar da cobrança. “Cada caminhão paga R$ 10. Esse cara que cobra não é funcionário da Receita, não é nada. Se tu não assinar, tu não entra na Receita e lá no órgão já te põem um ‘gancho’ que coloca o caminhão parado por cinco dias e te dão uma multa. Eu, por exemplo, paguei R$ 200 de multa, mas conheço gente que pagou R$ 500”, relatou.
O inspetor da Receita Federal em Pacaraima, Allysson de Oliveira Rocha, rechaçou a relação dessa multa com a triagem particular. “Se um caminhoneiro desobedecer a fila, se entrar no pátio (da Receita) na hora errada, se travar o trânsito, se não era a hora de ele entrar e ele vier pra entrar, aí sim ele vai ser punido”, explicou.
Rocha disse ainda que a cobrança do pátio particular não tem a ver com a Receita Federal, que a taxa teria sido aprovada pela maioria dos caminhoneiros que transportam cargas para a Venezuela, depois que o pátio da Receita Federal, com capacidade para 70 carretas, passou a ficar sem espaço para comportar veículos em dias de maior movimentação na fronteira.
“Eu vou ser bem sincero: É uma questão de ordem. Tem que ter alguém pra organizar lá fora a chegada e a saída”, avaliou o inspetor
Presidente da Coopertan (Cooperativa de Transportadores Autônomos de Cargas do Norte), Dirceu Lana, lembrou que as carretas são proibidas de estar em fila à beira da rodovia BR-174 e reforçou a necessidade do pátio.
“Na Receita, você tem horário pra entrar e pra sair. Muitos motoristas tentam chegar na frente do outro. É por isso que a maioria concordou em colocar um monitor, que cobra R$ 10 para fazer triagem, organizar a fila, a ordem correta de como cada um vai entrar [no pátio da Receita], ele chama para entrar. E claro que ninguém vai trabalhar de graça para fazer isso”, explicou.
“Agora, temos alguns motoristas insatisfeitos, isso é normal, mas quem paga é o dono do caminhão e não o motorista e não houve nenhum contestação por parte dos proprietários. Claro que o certo era termos o nosso pátio da Receita Federal desocupado, sendo que aquele local foi destinado pro transporte internacional na recepção das cargas, mas o governo federal usa aquele espaço pra [Operação] Acolhida. Esperamos que as autoridades competentes construam um pátio mais adequado e assim evitar de estacionar no acostamento ou em cima da BR, evitando multas de trânsito e, por enquanto de maneira provisória, somente temos o ‘barro’ como opção”, acrescentou.