Há quase 4 anos, o venezuelano Daniel Rodríguez, de 42 anos, precisou migrar para Roraima em busca de melhores condições de vida. Junto com a família, ele morou no município de Rorainópolis, região Sul do estado, onde já iniciou um serviço voltado à marcenaria, trabalho que conheceu ainda criança com os pais. Em Roraima, ele recebeu o apoio da ONG Visão Mundial, por meio do projeto ‘Ven, tu puedes!’.
O marceneiro, que é formado em Arquitetura e Urbanismo no país onde nasceu, não conseguiu montar uma empresa própria, pois na época, ele não sabia como funcionavam as leis migratórias e os processos de Microempreendedor Individual (MEI) para abrir o próprio empreendimento.
Apoio
Com o passar dos tempos, ele veio para Boa Vista e atuou como voluntário de uma ação de revitalização de uma escola. Neste período, ele conheceu o projeto ‘Ven, tu puedes!’ da ONG Visão Mundial no Brasil e pôde ter acesso aos cursos de língua portuguesa e empreendedorismo que a organização oferta para pessoas imigrantes no Estado.
Daniel relata que os cursos abriram a mente para o empreendedorismo e ele conseguiu ingressar no mercado no segmento da marcenaria. Agora, ele busca sempre aprimorar o negócio e já conseguiu fidelizar clientes. Hoje, ele atua na confecção de móveis projetados em Boa Vista.
“O curso de empreendedorismo me ajudou muito a abrir minha mente para o negócio. No início, os brasileiros não tinham confiança no meu trabalho, mas com o conhecimento que adquiri, eu consegui me aprimorar e conquistar a confiança dos clientes para o meu serviço”, afirmou.
‘Ven, tu puedes!’
O projeto é uma iniciativa da Visão Mundial Brasil, financiado pelo Governo dos Estados Unidos e tem por objetivo dar suporte a migrantes e refugiados para que entrem no mercado de trabalho. Além de treinamento profissional e aulas de português, a ONG atua no engajamento de empresas para que contratem refugiados e migrantes, por meio de conscientização e sensibilização.
Somente no ano passado, as ações da ONG beneficiaram, direta ou indiretamente, cerca de 40 mil pessoas, nos três estados onde ocorrem: Roraima, Amazonas e São Paulo. No estado, em 2021, mais de 2 mil migrantes e refugiados passaram pelos cursos profissionalizantes, enquanto 1,6 mil pelos cursos de empreendedorismo.
A iniciativa ajudou a impulsionar o negócio próprio de mais de 300 migrantes, além de outros 338 que conseguiram emprego com carteira assinada em Roraima.
A coordenadora do projeto em Roraima, Bárbara Gil, afirma que parte da missão do projeto é integrar os empreendedores imigrantes na sociedade. “O que a gente busca trabalhar é sempre com essa integração. A gente sempre tenta trazer a população local para mais próximo ou levar os migrantes para mais próximo da população local”, afirmou.