Servidores da Suframa suspendem greve e retornam ao trabalho hoje

Após 55 dias de greve, os servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) decidiram, em assembleia, na tarde de ontem, 16, suspender o movimento até o retorno dos parlamentares federais do recesso, no início de agosto. A notícia é um alívio para os empresários, que sofriam com o desabastecimento de produtos no comércio local por falta da liberação de mercadorias na Suframa.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Suframa (Sindframa), Anderson Belchior, a medida visa evitar maiores prejuízos para a população dos estados que são atendidos pela Suframa, uma vez que os servidores receberam a promessa dos parlamentares dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá em intervir na luta dos grevistas.

Ele informou que, a partir de hoje, 17, algumas atividades da Suframa já voltam à normalidade. “Outras vão retornar aos poucos porque, durante a greve, a Sefaz [Secretaria de Fazenda] no Amazonas, por exemplo, passou a realizar parte das nossas atividades. Então, teremos que informar à Justiça sobre o fim da greve para retornar essas ações para a Suframa”, explicou o presidente.

Na opinião do sindicalista, o fim da greve sem uma definição concreta da reivindicação dos servidores não tem um sentimento de derrota. “Pelo contrário! Estamos suspendendo a greve com um sentimento de vitória, pois agora, além do apoio da sociedade, teremos os parlamentares do nosso lado com o compromisso de pressionar o Governo Federal”, afirmou.

GREVE – Iniciada no dia 21 de maio, a greve dos servidores da Suframa se deu em razão do veto da presidente Dilma Rousseff (PT) a um artigo da Medida Provisória (MP) 660, que é a mesma que tratou do enquadramento dos servidores dos ex-territórios de Roraima e Amapá nos quadros da União.

O objetivo dos grevistas era no sentido de que os parlamentares derrubassem o veto presidencial. A última data prevista para essa votação foi essa semana, mas não aconteceu. Por conta disso, os parlamentares da região Norte solicitaram aos servidores que retornassem ao trabalho para evitar maiores prejuízo ao comércio, que já apresenta desabastecimento.

“Depositamos um voto de confiança neles, e como foram eles que deram a solução, que aprovaram a legislação que foi vetada, decidimos suspender a greve até o retorno dos parlamentares do recesso”, explicou Belchior.

 
Vetos à MP 660 serão apreciados depois do recesso parlamentar

Com o início do recesso, que começa amanhã, os parlamentares federais deverão apreciar os vetos presidenciais da Medida Provisória 660/14, já transformada na Lei 13.121/15, no início de agosto. A votação de vetos tranca a pauta no Congresso.

Em entrevista à Folha, o deputado federal Édio Lopes (PMDB) afirmou que todos os parlamentares da região Norte têm se empenhado e acompanhado com preocupação a situação dos servidores da Suframa. “A paralisação trouxe prejuízos financeiros e desabastecimento para os estados. Em Roraima, por exemplo, quase todas as empresas precisam de liberação de mercadorias pela Suframa”, comentou.

Para Lopes, a luta da categoria é justa e legítima. “O Governo Federal sinalizou que está disposto a negociar alguns pontos reivindicados pelos servidores. E a categoria demonstrou que pode ceder em alguns pontos quando negociar com a União e responsabilidade com a população ao suspender a greve”, afirmou.

Também em entrevista à Folha, o deputado federal Remídio Monai (PR) afirmou que, durante reunião na semana passada com técnicos do Ministério do Planejamento, em Brasília, não ficou definida nenhuma proposta para compensar os servidores da Suframa para que a greve fosse suspensa.

“Por este motivo, disse na oportunidade que votaria favorável à derrubada do veto. Entendo como legítima a reivindicação dos servidores e, como até o momento não foi apresentada nenhuma contraproposta pela equipe econômica do Governo Federal, não podemos continuar com este impasse prejudicando centenas de empresários em toda a região Norte”, frisou.

Para Monai, a suspensão da greve deve pesar de forma positiva para a solução do impasse entre servidores da Suframa e Governo Federal.