Policiais militares se depararam com uma cena inusitada, na madrugada de ontem, na avenida Sílvio Botelho, no Centro, que dá acesso ao Terminal de Ônibus. Apressados, dois homens carregavam uma porta de madeira na cabeça e seguiam na direção da área Francisco Caetano Filho, o popular Beiral, movimentado ponto de venda de drogas na Capital. Os PMs abordaram e revistaram a dupla. Os dois admitiram que haviam furtado a porta em uma loja e iriam trocá-la por droga.
“Infelizmente, esta é uma triste realidade. O Beiral se tornou uma feira-livre, um comércio de produtos furtados e roubados. Lá se faz qualquer negociação. Tudo é trocado por droga: botija de gás, mesas, perfumes, celulares, roupas, tênis, sandálias, aparelhos eletroeletrônicos, extintores, latas de tinta e até alimentos. Usuários deixam até cartões e documentos empenhados nas mãos dos traficantes. Já vimos de tudo no Beiral”, relatou um policial militar.
Os dois homens, que disseram ser autônomos, têm idade de 35 e 38 anos. Eles relataram aos policiais que estavam usando droga, mas o dinheiro acabou. Então, decidiram furtar. “A gente passou por uma loja que vende equipamentos militares e vimos a porta, que não estava instalada. O ‘chegado’ (comparsa), então, pulou o muro e passou a porta por cima e eu peguei. Daí, a gente veio trocar por droga”, disse um dos usuários.
A dupla andou por mais de dois quilômetros com a porta de madeira na cabeça, que pesa mais de 40 quilos. Ela seria trocada por uma quantidade de droga que custa R$ 20,00, segundo os viciados. “Perdi emprego, meus familiares me rejeitam e hoje vivo esta vida. Não consigo largar o vício”, lamentou um deles.
A dupla e a porta foram levadas à Central de Flagrantes II, no 5º Distrito de Polícia, zona Sul. O dono teve sua porta de volta e os suspeitos assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e depois foram liberados para responderem em liberdade.
Os policiais militares consultaram o sistema de informações da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) e constataram que os dois já têm passagem na polícia por furto e roubo, o popular assalto. (AJ)