Cotidiano

Soja fez a diferença na balança comercial

Produção de soja não registrou queda, mas os produtores estocaram o produto para esperar melhor preço no mercado internacional

Roraima mais importou do que exportou produtos no primeiro semestre de 2015. O fator foi um dos responsáveis pelo déficit negativo de R$ 1,1 milhão na balança comercial do Estado. Em um comparativo com o mesmo período do ano passado, quando a alta quantidade de exportações rendeu saldo de R$ 13 milhões, o declínio na balança girou em torno de 111%.

Outro fator determinante para a queda nas exportações foi a soja, principal produto exportado por Roraima, representando 71% na pauta de exportações, que apresentou queda de 75% nas vendas. Segundo o secretário adjunto de Planejamento, Enoque Rosas, a baixa na exportação do grão se deve à retração no preço internacional.

“Não houve queda na produção. Pelo contrário, passou de 17 mil hectares para 25 mil plantados. Só que o mercado internacional não está com bom preço, então os produtores preferiram segurar a produção no estoque, que ainda não foi vendida”, explicou. A exportação de soja, que em 2014 rendeu US$ 15,6 milhões, referente a 23 mil toneladas, em 2015 rendeu apenas US$ 3,9 milhões, com a venda de 10 mil toneladas.

Outros produtos exportados por Roraima são a madeira, com US$ 714 mil, instrumentos para medicina, odontologia e veterinária, com US$ 491 mil, combustível de aviação, com US$ 200 mil, e água mineral, com US$ 111 mil.

A Holanda foi o principal parceiro comercial de Roraima neste primeiro semestre. O país europeu adquiriu 77% das exportações, sendo o principal comprador da soja e da madeira roraimense. Venezuela e Guiana aparecem logo em seguida adquirindo, respectivamente, 10% e 8% das exportações. “O que acaba afetando muito as exportações é o mercado externo. Se está bem, a tendência é que haja mais compras, mas se está mal, não há venda”, disse o secretário.

PERSPECTIVAS – O secretário adjunto relatou que mantém as esperanças de melhora nas exportações para este semestre e tem a soja como carro-chefe. “Para o ano que vem a perspectiva é ainda melhor, pois a expectativa é chegar a 50 mil hectares em área plantada de soja, o que, consequentemente, irá refletir na balança comercial”, pontuou.

Importações crescem 57% nos primeiros seis meses de 2015

Se as exportações de produtos em Roraima não vão bem, as importações aumentaram 57% no primeiro semestre de 2015, passando de US$ 4,2 milhões em 2014 para US$ 6,6 milhões no mesmo período deste ano. O dado reflete em um aquecimento na economia local em determinados setores, já que um dos fatores determinantes nas importações é o fortalecimento da renda interna, ou seja, com o bom desempenho da economia local, maior a demanda que advém, em sua maioria, de fora.

Cerca de 30% de tudo que foi importado referem-se a máquinas e equipamentos, que contribuem para o incremento da produção local. Os US$ 2 milhões aplicados em investimento representam um aumento de 800% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O secretário adjunto considerou os investimentos no setor de importações como positivos. “Nossa produção vai aumentar. Roraima basicamente compra tudo de outros estados e do resto do mundo. Se fosse um país individual, seria deficitário, porque o Estado compra muito e exporta pouco, mas as perspectivas são boas para o mercado externo”, ressaltou secretário adjunto de Planejamento, Enoque Rosas.

Outro item da pauta de importação destacado é o arroz específico para a culinária japonesa, que totalizou US$ 644 mil em importações, o que mostra como a atividade deste segmento vem crescendo em Boa Vista.  “Há um crescimento nesse segmento aqui, o que acaba refletindo no aumento das compras desses bens”, frisou Rosas.

As principais origens das importações roraimenses são a China, origem de boa parte dos produtos eletroeletrônicos e centrais de ar. Países europeus como a França, origem das maquinas e equipamentos, e africanos, como Trinidad e Tobago, de onde foi adquirido todo o cimento importado pelo Estado também fazem parte das importações. Além disso, o Estado investe na compra de arroz da vizinha Guiana. (L.G.C)