O economista Fábio Martinez disse acreditar que Roraima sentirá menos os impactos econômicos da invasão russa à Ucrânia, deflagrada nesta semana, em relação aos outros Estados do Brasil, porque a unidade federativa tem um dos menores ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o preço dos combustíveis no País.
Isso porque, segundo o profissional da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), o preço dos combustíveis também reflete em outros itens. “Se você tem impacto menor nos combustíveis, logo, pra maioria dos itens que vem via frete pra cá, tem impacto menor no custo do frete e consequentemente do produto”, explicou.
Ele lembrou que o preço do petróleo no Brasil é composto por fatores como os preços do dólar e do barril do petróleo. “O preço do petróleo já passou dos 100 dólares e a tendência é de alta, principalmente porque, como a Rússia é o grande produtor de gás, de petróleo, e dadas as sanções [anunciadas pelos por outros países], e fechamentos de gasodutos lá pra Alemanha, isso vai fazer com que aumente a demanda pelo produto e consequentemente o preço aumente, combinado ao aumento do dólar”, pontuou.
Neste mês, o Governo de Roraima anunciou a redução gradual do ICMS sobre a gasolina e o álcool. Para este ano, a medida, aprovada na Assembleia Legislativa de Roraima, promete diminuir o imposto de 25% para 23% o percentual sobre o preço dos combustíveis. No Rio de Janeiro, por exemplo, o imposto sobre a gasolina é de 34% e o álcool, 32%.
Rússia foi o maior comprador da soja de Roraima em 2021
No ano passado, a soja foi o produto mais exportado por Roraima para o mercado externo: 73,4 milhões de dólares, sendo 34,8 milhões para a Rússia. O valor pago pelo país euro-asiático foi pelas 69,8 toneladas do produto local. As informações são do Ministério da Economia.
A vantagem dessa comercialização roraimense com a Rússia, segundo Martinez, é que ela é feita de forma direta com os empresários daquele país, sem o auxílio de um distribuidor, o que rende mais lucros para os produtores roraimenses.
Por outro lado, Fábio Martinez disse que, dependendo das consequências que a crise pode causar, os empresários roraimenses podem continuar vendendo o produto aos distribuidores, que o revendem a outros Países.
Enquanto a crise no leste europeu se desdobra, o setor produtivo monitora as consequências. “Preocupa não só o setor produtivo, preocupa o mundo, porque se houver uma disparada no preço dos insumos, vai encarecer a soja, o milho, o peixe, o frango, o suíno, o boi, que hoje é muito confinado. Isso vai aumentar o valor do alimento e as pessoas com menos poder aquisitivo vão ter dificuldade de comprar alimento, que está se tornando muito caro no mundo”, disse o empresário do ramo da soja, Ermilo Paludo, que também integra o conselho fiscal da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja, Milho e Arroz de Roraima).