O conflito entre Rússia e Ucrânia tem colocado o mundo em alerta não somente por conta da crise humanitária e a guerra que destrói cidades, mata civis e desabriga milhões de pessoas, mas também por conta do prejuízo sobre as economias – após as sanções contra Putin, empresas e empresários russos.
Considerando as exportações, Roraima enviou para a Rússia US$ 34,8 milhão em produtos. O montante representa o dobro do que foi exportado em 2020. O principal item de exportação foi a soja.
O economista Fabio Martinez explicou que apesar da Rússia ser o maior comprador de soja de Roraima, o Estado não vai sofrer consequências por enquanto.
“A Rússia é o maior comprador da soja de Roraima e nossa sorte é que já passamos da época da venda da soja roraimense. Só vamos sentir mais pra frente se procurarem outros mercados para comprar ou se aumentarem as comodities, mas no momento não, pois apesar da Rússia ser o maior comprador de soja e ela ser muito importante para a exportação roraimense, os impactos só serão sentidos se o conflito continuar até o segundo semestre”
Fábio Martinez explicou ainda que um possível aumento de sanções aos parceiros comerciais da Rússia também pode prejudicar Roraima.
“Um dos aliados da Rússia é a Venezuela, que é o principal país da exportação roraimense. Se as sanções continuarem para atingir os países aliados da Rússia então teremos problemas com a balança comercial” concluiu Fábio.
Os impactos para o comércio exterior roraimense e brasileiro:
– Atualmente a Rússia possui uma grande reserva de moeda estrangeira que pode assegurar a curto prazo as compras do país, caso não sejam aplicadas sanções mais severas, ainda assim com impactos negativos na balança comercial do país e PIB mundial;
– O congelamento de ativos e bens de cidadãos russos em países estratégicos podem restringir o acesso ao financiamento impactando a movimentação de setores da economia russa ou mesmo dos financiamentos à exportação e pagamentos das compras internacionais;
– A médio prazo a baixa nas linhas de crédito tendem à queda das exportações;
– Aumento nos valores aplicados à logística de produto como frete e seguros internacionais;
– A Ucrânia é considerada “celeiro da Europa” e a Rússia tem papel de destaque na produção e exportação mundial de gás natural e o abastecimento dessas commodities para o mundo estará comprometido;
– Torna-se possível uma valorização nas commodities o que aumentaria a participação nos produtos da categoria produzidos pelo Brasil. A longo prazo pode acarretar um aumento no preço desses produtos e abastecimento na economia interna que já sofre com os impactos da inflação;
– Dificuldade na importação de fertilizantes para o Brasil afetando o desenvolvimento de lavouras que abastecem a exportação agrícola;
– Diminuição da importação de todos os produtos provenientes dos dois mercados;
– A retirada dos bancos russos do código swift, código que garante as transações internacionais de dinheiro, pode isolar o país de realizar transações comerciais com o Brasil.