Com a crise econômica no país, os bancos estão vivenciando uma prática inusitada, que é migração para outros serviços de rentabilidade concedidos pelas agências e os constantes saques de quem utilizou a poupança durante anos para garantir um retorno mensal. As instituições bancárias oferecem novas opções para os clientes que pretendem deixam de poupar. Porém, um especialista alerta que, para quem tem pouco dinheiro, a poupança ainda é a melhor alternativa.
Com a rentabilidade da poupança inferior em relação ao índice de inflação e pelas ofertas de investimentos mais atrativos e também seguros, os poupadores preferem migrar para outras alternativas de renda fixa como LCI (Letras de Crédito Imobiliário), CDB (Cédulas de Depósito Bancário) que geram um retorno financeiro maior após 30 ou 90 dias de aplicação.
Mais de 100 mil clientes ativos poupam numa das agências da Capital, conforme dados da unidade e, segundo um deles, não está sendo vantajoso usar a poupança. “O que eu não quero é poupar e saber que não vai render nada. A inflação é o maior pesadelo de quem sobrevive de rendimentos da poupança. Eu não quero guardar o dinheiro embaixo do colchão, que é pior, por isso preferi migrar investimento para outras formas de depósito que tem uma rentabilidade superior àquela da poupança”, afirmou.
Segundo funcionária de um banco, há poupadores que retiram o dinheiro justificando a aquisição de terrenos ou imóveis. “As pessoas querem poupar, sobretudo querem uma rentabilidade boa e, quando isso não acontece, se frustram ou buscam outros resgates em poupança”, explicou.
A maior preocupação das instituições bancárias que precisam captar para conceder crédito é que algumas linhas de financiamento são concedidas restritivamente para usuários da poupança. Por isso, a migração atrapalha algumas possibilidades de creditar o cliente. “Por exemplo, o cliente migrou e busca um crédito imobiliário SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos], não vai ter a concessão porque a poupança precisa ser a fonte”, frisou.
Para quem busca o investimento mais rentável, pode solicitar nas agências bancárias e, após responder questionário, que é uma regra do Banco Central, os funcionários indicam o cliente aplicador para alguma linha de crédito no qual o perfil se encaixe.
ESPECIALISTA – De acordo com o economista Gilberto Hissa, a poupança ainda é a melhor alternativa para quem não conhece outras formas de investir. “A poupança é fácil de entender, é segura, é fácil de sacar, então, se a pessoa não tem muito conhecimento e não tem muito dinheiro, não vejo problema deixar na poupança. Quem migra tem de tomar cuidado para saber qual a taxa de administração do fundo, que às vezes é muito caro. Poupança é ruim, mas é melhor que não poupar”, frisou.
Ele também esclareceu que dois fatores são relevantes para esse momento de crise. “Primeiro, que as pessoas estão procurando melhor rendimento. A outra é que tem muita gente precisando do dinheiro porque perdeu o emprego, tem que pagar dívidas e está ganhando menos”, disse o economista, que fortaleceu o argumento de que a forma mais simplificada e antiga de investimento é a poupança, pois com este produto financeiro todo mundo se relaciona bem e entende.
Quem pretende utilizar a poupança como investimento, pode consultar o site do Banco Central do Brasil (BCB) www.bcb.gov.br para conhecer a taxa de remuneração mensal. (J.B)