Política

Venezuelanos querem milho e soja, enquanto Roraima visualiza calcário

A comissão criada para analisar tecnicamente as propostas apresentadas pelos governos de Roraima e de Bolívar, na Venezuela, reunir-se-á nos próximos 15 dias para avaliar os projetos. O anúncio foi feito pela governadora Suely Campos (PP) em entrevista à Folha. “Daqui a duas semanas, a comissão mista vai se reunir para detalhar todos os projetos apresentados por nós e discutir quais são viáveis para ser executados ou não”, disse.

O anúncio da criação da comissão foi feito durante visita do governador de Bolívar, Francisco Rangel Gómez, a Boa Vista, na tarde de segunda-feira. Uma das propostas tratadas durante a reunião foi a compra de calcário da Venezuela. Hoje, Roraima adquire o insumo direto do Pará, sendo transportado via fluvial, enquanto que o país vizinho tem grandes jazidas e fica mais perto.

A proposta do Governo de Roraima é comprar entre 10 e 15 mil toneladas de calcário para serem distribuídos entre os agricultores familiares. Hoje Roraima tem 25 mil hectares de soja plantados, com projeção, para os próximos três anos, de alcançar 80 mil hectares plantados. “Temos o interesse de adquirir o calcário e beneficiar os pequenos agricultores familiares”, comentou Suely Campos.

Em contrapartida, o Governo de Bolívar tem o interesse em adquirir sementes e maquinário de beneficiamento de soja. “Eles têm interesse em troca de experiência tecnológica. Querem comprar sementes de feijão e de milho, pois precisam produzir por conta da escassez de alimento. Além disso, para que possam investir na produção agrícola, eles precisam de maquinário que nós temos disponível aqui”, afirmou a governadora.

Educação e saúde também foram discutidos durante a reunião dos governadores. “Temos a ideia de que os professores venezuelanos venham para Roraima aprender o português e de que os nossos professores possam ir para Bolívar aprender o espanhol”, frisou. “Na saúde, a situação é semelhante. Queremos promover um intercâmbio de especialistas. Lá, eles não têm retinólogo, profissional que temos aqui. Da mesma maneira que não temos cardiologistas infantis aqui, e que eles possuem”.

Outro ponto discutido no encontro foi a possibilidade de criação de uma linha comercial aérea entre Boa Vista e Bolívar para estimular pacotes turísticos para ambos os estados e movimentar a economia por meio do turismo.