O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta terça-feira (12), durante evento do Acampamento Terra Livre, em Brasília, o relatório da Hutukara Associação Yanomami com denúncias de que garimpeiros estão abusando sexualmente de mulheres e crianças na Terra Indígena Yanomami, a maior do País.
O documento foi entregue pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami, que declarou apoio ao pré-candidato à presidência da República.
“Eu falei no ouvido dele, por 50 segundos, que em seu primeiro ano de mandato, primeiros meses de mandato, dar ordem para Polícia Federal, Exército, Força Nacional, tirar os garimpeiros na Terra Indígena Yanomami”, revelou à FolhaBV.
Hekurari criticou o Governo Bolsonaro por ser “muito omisso, irresponsável por tudo o que tá acontecendo” no território Yanomami. “É culpa dele, que não protege a população Yanomami, que está sofrendo”, pontuou.
No mesmo evento, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que é indígena, também declarou apoio ao ex-presidente e afirmou que os povos indígenas nunca tiveram “tantos problemas” como nos últimos três anos. Ela disse ser contra o Marco Temporal – ação que estabelece que só poderão solicitar demarcações os povos que comprovarem que habitavam a área requerida no dia da promulgação da Constituição Federal -, e a regulamentação da exploração de minérios em terras indígenas, a qual tramita no Congresso Nacional.
Lula promete ministério para indígenas e ‘revogaço’ de decretos de Bolsonaro
Em discurso no Acampamento Terra Livre, Lula prometeu, se for eleito, criar um ministério para tratar das políticas indígenas, cujo ministro será um indígena. Ele avisou ainda que pretende fazer um “revogaço” de decretos assinados por Jair Bolsonaro (PL) na área ambiental.
O petista também endossou as críticas da deputada roraimense. “Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que é que a gente não pode criar o ministério para discutir as questões indígenas?”, discursou, ao lado de aliados em um palco montado no meio do acampamento.
No discurso, o ex-presidente não citou no nome de Jair Bolsonaro, mas afirmou que o presidente precisa estar disposto “a distribuir livro, a distribuir fraternidade e solidariedade e não a vender armas e balas para que fazendeiros possam atirar em índios e em trabalhadores rurais.” Na esteira de críticas, o ex-presidente prometeu criar um “dia do revogaço” para anular todos os decretos de Bolsonaro que criaram, segundo ele, “empecilho” para os povos tradicionais.
*Com informações da Agência Estado