Cotidiano

Gasolina chega a R$ 7,42 e diesel passa de R$ 8 em Boa Vista

Considerando esses novos valores nas bombas, aumentos representam percentuais abaixo dos reajustes repassados pela Petrobras às distribuidoras

Após a Petrobras reajustar o preço dos combustíveis, o litro da gasolina comum passou a custar até R$ 7,42 e o do diesel comum, R$ 7,82, para quem paga à vista na capital de Roraima. Estes são os preços mais altos encontrados pela Folha e são praticados por um posto localizado no bairro São Vicente, na zona Sul de Boa Vista.

Considerando esses novos valores nas bombas, os aumentos representam, na prática, 5,4% para a gasolina e de 8,91% para o diesel – abaixo dos reajustes de 5,2% e 14,2% repassados, respectivamente, para gasolina e diesel nas distribuidoras.

No mesmo estabelecimento, o litro da gasolina aditivada é vendida a R$ 7,52 e do diesel S10, R$ 8,02. Todos os preços ficam maiores se o cliente pagar na requisição ou no cartão de crédito, chegando aos valores de R$ 7,57 (gasolina comum), R$ 7,52 (gasolina aditivada), R$ 8,02 (diesel comum) e R$ 8,22 (diesel S10).

“Vai chegar um dia que ter carro vai ser fácil, difícil vai ser ter dinheiro para colocar gasolina, porque você tá trabalhando pra botar a gasolina pra trabalhar de novo, não tá sobrando mais nada (risos)”, avaliou o motorista Ismael Pereira, de 37 anos.

Na capital de Roraima, o menor preço para o litro da gasolina comum encontrado foi de R$ 7,20, à venda em postos dos bairros Centro e Jóquei Clube. No mesmo estabelecimento do Jóquei, está a gasolina aditivada mais barata da cidade, a R$ 7,25 (o mesmo achado em um posto do Raiar do Sol), e ainda os menores valores para o diesel comum (R$ 7,30) e S10 (R$ 7,50). Comumente, os preços mudam a depender da forma de pagamento.


Frentista troca preço do combustível em posto de combustíveis (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“Não adianta nada falar. Vou reclamar com quem? E o salário não aumenta”, lamentou um motorista.

Dono de um caminhão-prancha, um agricultor classificou a alta do diesel como uma “crueldade”. “Estamos a mercê de parar”, criticou.

O presidente do Sindipostos-RR (Sindicato dos Postos de Combustível de Roraima), João Victor Kotinski, explicou que quatro dos cinco fatores que compõem o preço da gasolina e do diesel são retidos na distribuidora, quando o posto compra o produto. A exceção é o frete.

“O reajuste é passado de imediato, pois as distribuidoras também repassam de imediato. Ou seja, eu carreguei meu caminhão no sábado pela manhã em Manaus e já comprei com reajuste”, explicou.

“As margens de rentabilidade são muito baixas (7% bruto), então se você tem um reajuste elevado como esses que aconteceram, caso não reajuste, ao fim do estoque você não conseguirá repor o seu produto, pois o valor na distribuidora está maior do que o valor que você estava vendendo”, completou.

Os reajustes refletem a disparada dos preços dos derivados no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo e refletindo maior demanda e o fechamento de refinarias em meio à guerra entre a Rússia e Ucrânia. O aumento segue a escalada de preços do petróleo no mercado internacional.

Em meio aos novos reajustes, governo federal e aliados aumentaram a pressão sobre o presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho, que pediu demissão nessa segunda-feira (20). O cargo será ocupado interinamente por Fernando Borges, diretor de Exploração e Produção da estatal

Além disso, aumentou ainda a ofensiva dos caminhoneiros contra o governo e a gestão de preço de preços dos combustíveis pela Petrobras, depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que cogitaram a instalação de uma CPI sobre a gestão da estatal.

“O País vai parar naturalmente, por não ter mais condições de rodar”, disse o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como “Chorão Caminhoneiro”.