Após quase três meses do triplo homicídio ocorrido no dia 2 de abril na BR 410, na Comunidade Indígena do Coqueirinho, em Normandia, um dos sobreviventes pede Justiça pela morte da filha, que tinha 16 anos. As vítimas sofreram uma emboscada quando voltavam de uma área de garimpo e até o momento nenhum dos envolvidos foi preso.
O sobrevivente entrou em contato com a reportagem, disse conhecer dois dos envolvidos nos assassinatos e teria repassado o nome dos suspeitos para a Polícia Civil, mas até o momento nenhum envolvido foi preso. “Já vai fazer três meses desde a morte da minha filha e não temos nenhuma resposta. Queremos Justiça pela morte dela, que foi de forma cruel”, disse.
Em nota, a Polícia Civil disse que por meio da Delegacia de Normandia as investigações apontaram a participação de pelo menos quatro pessoas no crime e que as diligências seguem em andamento. Confira a nota na íntegra.
No dia 07 de abril, apenas cinco dias após o bárbaro crime, foi representada pelas prisões preventivas de três dos acusados, tendo sido deferidas pela Comarca de Bonfim no dia seguinte.
Esclarece ainda que, após várias diligências, no dia 12 de abril, foi cumprido um dos mandados de prisão. Buscas e Apreensões foram feitas na Capital e no Interior. As diligências seguem em andamento para localizar e prender os outros acusados de participação no crime.
Foram realizadas diversas diligências em Boa Vista e algumas cidades do interior do Estado com o objetivo de localizar os demais acusados, porém, até a presente data, ainda não foram localizados.
Portanto, a Polícia Civil afirma que não procede a informação de que até o momento nenhum dos envolvidos no crime não foi preso. Os trabalhos estão em andamento, com diligências continuadas para a localização dos outros infratores e o Inquérito Policial tramita em segredo de justiça.
A adolescente Emanuele Suelem Mota Santos foi morta com pelo menos quatro tiros, que atingiram o rosto, um deles atingiu o crânio, dois no abdômen, e um no braço. Além dela, um casal também foi assassinado.
Conforme relato do pai da vítima, a jovem teria sido pega pelo braço e puxada pelo cabelo. “Ele (o atirador) disse que se eu não aparecesse iria atirar nela. Momento em que atirou no rosto dela, ela caiu, ele saiu arrastando ela pelo cabelo, depois deu os outros três tiros”, relatou a vítima.
De acordo com a vítima, o mandante e um dos atiradores seria F.L.P., que seria dono de um garimpo no município, e L.S.M. que é um de seus funcionários. O sobrevivente foi atingido com quatro tiros. A esposa dele saiu ilesa.
MOTIVAÇÃO
Na época do crime, a Polícia Civil informou que a motivação do crime seria dívidas de garimpo, porém o sobrevivente descartou essa possibilidade, pois segundo ele, o motivo teria sido latrocínio, roubo seguido de morte. Ainda de acordo com a vítima, ele é mecânico e teria ido ao garimpo para consertar um motor.
“Eles foram para nos roubar. Por estarmos voltando dá área de garimpo, os envolvidos achavam que eu tinha ouro. Eu fui para lá para consertar um motor, que inclusive, estava dentro do meu carro”, explicou.
O sobrevivente relatou que esse tipo de viagem era comum ele fazer com a família para consertar motores para garimpeiros.
EMBOSCADA
Conforme o relato da vítima, eles teriam sofrido uma emboscada. L.S.M. era o condutor do veículo Toyota bandeirante e teria informado ao sobrevivente, que a caminhonete estava com entrada de ar.
Após isso, ele seguiu viajando e, quando chegou ao local do crime, parou a Toyota e ficou aguardando o veículo Fiat Doblô onde estavam as vítimas. Quando o condutor do Fiat chegou ao local, L.S.M., pediu para ele ajudá-lo a sanar a pane.
Ele prontamente decidiu ajudar, no momento em que foi pegar uma ferramenta dentro do carro, foi atingido por disparos efetuados pelo condutor da Toyota. Na sequência, ele correu e foi alvejado por outros dois suspeitos. A vítima acredita que esses dois atiradores estavam escondidos dentro do mato, esperando a ação do condutor da Toyota.
A vítima, mesmo alvejada por disparos, correu para o mato, junto com a esposa, e ambos ficaram escondidos em um lago nas proximidades. O homem disse ainda que os suspeitos os mandaram voltar, caso contrário, matariam as outras vítimas.
Como eles não retornaram, os infratores cumpriram a ameaça e executaram as outras três vítimas.
Depois dos homicídios, os autores teriam ficado percorrendo o local de carro na Toyota e possivelmente em uma picape modelo Ford Ranger preta. Do lago, onde estavam escondidas, as vítimas contaram que viam os faróis dos carros e lanternas utilizados na tentativa de encontrá-las.
Os dois conseguiram correr e escapar. Após isso, os infratores fugiram, tomando rumo ignorado. Ao sair do lago, já ao amanhecer, a vítima procurou abrigo e ajuda em uma residência na comunidade Beija-Flor.
Os sobreviventes foram conduzidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o hospital de Normandia.
O carro Doblô foi levado pelos infratores e abandonado a aproximadamente 6km da ponte sobre o rio Tacutu, sentido Km 100. O veículo tinha quatro marcas de tiros calibre 9mm.