A dona de casa Margarida Márcia da Costa Marcelino, de 28 anos, perdeu o bebê e precisou procurar o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista, para realizar a curetagem. Mas a demora para ser submetida ao procedimento que visa limpar os restos de um aborto, já completou um dia desde que ela descobriu a interrupção da gravidez de um mês.
Na terça-feira (28), depois de apresentar os primeiros sintomas, como o sangramento constante, ela procurou um posto de saúde da vila Samaúma, no Município de Mucajaí, onde mora. Depois, buscou atendimento em uma unidade de Alto Alegre. No entanto, com a complexidade do problema, ela foi orientada a procurar a Maternidade, na capital de Roraima.
Era 17h quando ela chegou ao hospital materno, mas o atendimento só foi feito horas depois. “Quando cheguei, disse [para a enfermeira] que eu estava sangrando. Ela falou: ‘a senhora tem que aguardar, mas é porque ali tudinho está na mesma situação da senhora’. Aí eu fiquei. Quando trocou de plantão de médicos, às 19h, fui lá com ela, disse que estava sangrando, ela me avaliou e passou pra doutora. Aí demorou um pouco. Porque na minha situação como eu tava sangrando, era pra eles terem me colocado logo pra dentro (internado), né?”, disse, por áudio, à Folha.
Depois de ser submetida a uma ultrassonografia, por volta das 10h de quarta-feira (29), que Margarida Márcia descobriu ter perdido o bebê. “Eles falaram que o bebê já estava morto e eu tinha que esperar para fazer uma curetagem. E aí até agora nada. Eu fico com dor, eles aplicando remédio e não fazem nada”, relatou.
“Ontem à noite eu passei a noite andando, quando eu fui lá pra saber se tinha médico, a enfermeira disse que não tinha médico, aí o jeito foi ficar deitada até hoje de manhã andando e deitando até amanhecer o dia”, completou.
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) se manifestou por meio da seguinte nota:
A Secretaria de Saúde informa que a paciente Márcia da Costa Marcelino deu entrada no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth por volta das 19h40 dessa terça-feira, 28, ocasião em que fez alguns exames laboratoriais. No dia seguinte, 29, a mesma foi submetida a uma ultrassonografia que observou óbito embrionário de 6 semanas e 3 dias de gestação.
Em observância aos protocolos do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira de Ginecologia, foi prescrita a realização de prostaglandina para o preparo do colo uterino, sendo ministrada a primeira dose de medicação por volta das 18h do dia 29. às 19:45 foi atendida pela médica plantonista que observou que a mesma não estava em jejum e que o tempo da medicação ainda não era suficiente para a realização do procedimento.
A Direção Geral da Maternidade informou ainda que nesta quinta-feira, dia 30, a paciente passou por uma nova avaliação, onde foi constatado que a mesma ainda estava com o colo uterino fechado. Entretanto, o procedimento cirúrgico de Márcia da Costa está programado para acontecer pela tarde, onde será realizada a dilatação do colo uterino com velas de Hegar para o esvaziamento do útero.
O HMISNS ressalta ainda que todos os exames realizados na paciente não mostraram sinais de infecção e que em algumas situações é necessário o uso de mais tempo para o preparo uterino.