Cotidiano

Abandono de Ginásio Totozão e de praça põe em risco público do Ayrton Senna

Quem utilizava a área para lazer e prática de exercícios físicos teme ação de usuários de drogas e assaltantes

O Ginásio Poliesportivo Vicente Ítalo Feola, conhecido como Totozão, e Praça Interativa José Renato Hadad, dentro do Parque Anauá, estão em situação de abandono há meses. A reclamação é recorrente por parte de quem faz caminhadas diárias no Complexo Poliesportivo Ayrton Senna. Conforme a denúncia, o mato alto abriga usuários de droga e até assaltantes que aproveitam o espaço para se esconder da polícia.

O leitor José Roque enviou e-mail comentando que, ao ter caminhado recentemente com sua esposa em frente ao Totozão, foi abordado por um pedinte que queria dinheiro para comprar comida. “O mais triste disso é saber que o homem vive naquele espaço público, em péssimas condições, que poderia estar servindo à população para a prática de esportes e para entretenimento”, disse.

“À noite eu não me aventuro mais por ali. Outro dia, quase fui vítima de assalto por parte do que eu acredito ser um menor de idade. Mas, por sorte, consegui correr até a Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes e escapei”, relatou outro leitor, que também enviou e-mail e preferiu não se identificar.

A Praça Interativa, que fica ao lado do Ginásio Totozão, está tomada pelo matagal, o que não permite mais uma visão ampla de quem passa por ali até mesmo a pé. A estrutura do ginásio está vandalizada e não existe uma equipe de segurança de patrimônio nem de manutenção.

O morador de rua Gilson Batista alegou que está desempregado, por isso precisa passar as noites dormindo em vários pontos do Ayrton Senna e do Parque Anauá, pois não dispõe de dinheiro para alugar uma casa. Segundo ele, o problema maior naquela região especificamente não se trata de roubos ou assaltos, e sim dos usuários de drogas, que vão para locais mais distantes no parque.

“Tem muita gente que entra e fica ali por trás do Totozão para consumir droga. Também tem gente que vem para fazer sexo aí. Acho que isso assusta o pessoal, que fica desconfiado de mim. Mas eu não faço nada de errado, só estou aqui porque não tenho opção mesmo”, disse Batista.

A estudante de Direito Francimara Souza alertou ainda sobre o antigo prédio da Escola de Educação Especial do Governo do Estado, que está abandonado há anos e sofreu um incêndio, ficando com a maior parte da sua estrutura destruída, no final de 2013. Segundo ela, o lugar se tornou propício para aqueles que queiram usar drogas e ter encontros sexuais a céu aberto.

Ela disse que costumava se exercitar fisicamente naquele entorno, mas desistiu por medo. Afirmou que dependentes químicos são vistos por quem passa pelo local, principalmente a partir do final da tarde. “Isso, somado com a falta de providência do governo e de policiamento, ocorreu a depredação do lugar, que tinha tudo para funcionar, o que acaba potencializando cada vez mais a presença de galeras naquele espaço”, frisou.

O antigo prédio da Escola de Educação Especial, ao lado do Totozão, está com sua estrutura comprometida e há risco de desabamento. Porém, mesmo assim, muitos entram ali. A quantidade de preservativos, seringas, filtros de cigarro, garrafas de bebidas alcoólicas e roupas mostram vestígios dos frequentadores do local que ignoram este risco.

GOVERNO – O Governo do Estado informou que o Instituto do Desporto de Roraima (IDR) realizou um levantamento, solicitado pela Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), para averiguar as necessidades estruturais dos prédios do Ginásio Totozão, da Praça José Renato Hadad e da Escola Especial para, posteriormente, promover obras de manutenção e revitalização dos espaços.

Conforme o governo, esses lugares foram encontrados em total estado de abandono pela atual gestão no início deste ano. Afirmou ainda que, em razão da estrutura do Totozão estar muito comprometida, a obra será priorizada, incluindo a Praça José Renato Hadad, que já faz parte do complexo ginasial. A previsão é que até setembro comecem os processos burocráticos do contrato para início da obra.

Sobre a questão da segurança no espaço público, informou que a Polícia Militar realiza o policiamento ostensivo com reforço nos locais onde há maior registro de ocorrências. Neste caso específico, o Comando de Policiamento da Capital (CPC) vai analisar a situação, com base nos relatórios de ocorrências, para verificar a necessidade de reforçar o policiamento naquela área.