A inflação no Brasil atingiu a casa dos 12,13% em abril deste ano, o maior percentual desde outubro de 2003. O cenário econômico nacional dá sinais de que a recuperação ocorrerá de maneira lenta, visto que em maio houve uma pequena queda no índice, que reduziu para 11,73%.
Os impactos do aumento contínuo nos bens e serviços têm dificultado a vida dos brasileiros, mas, infelizmente, não é o único responsável pelo alto número de endividados. A falta de planejamento financeiro desponta como um dos principais responsáveis por esse contexto, especialmente entre a população mais jovem.
Juventude x economia
Quem convive com pessoas da Geração Z, certamente, deve ter escutado ao menos uma reclamação relacionada ao custo de vida e à dificuldade em manter o saldo positivo na conta bancária. Contudo, diferentes pesquisas realizadas com esse público apontaram como fator de causa desta situação a ausência da educação financeira.
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o SPC Brasil, fez um levantamento com jovens de 18 a 24 anos e identificou que, apesar de serem os primeiros nativos digitais e terem pleno acesso à informação, a formação financeira continuou negligenciada. Ao todo, 47% dos entrevistados afirmaram não ter controle das finanças pessoais.
Acesso ao crédito
Com as facilidades das instituições financeiras digitais, os jovens começaram a ter acesso ao crédito pessoal online cada vez mais cedo. A abertura de contas-correntes e o uso de cartões de crédito mostraram a importância da gestão financeira. Os próprios bancos começaram a trabalhar com políticas e ferramentas que mostram, de maneira intuitiva, o balanço entre as entradas e saídas das contas.
Ainda assim, como o manejo dos gastos não se incorporou aos hábitos da juventude brasileira, o grupo se torna um alvo fácil para descontrole e contração de dívidas. Com base nos dados levantados pela CNDL e pelo SPC, entende-se que 4 em cada 10 jovens tiveram o nome negativado ao menos uma vez. As causas mais comuns são erros de planejamento, perda do emprego e empréstimo para terceiros.
Formação e mercado de trabalho
Para garantir a renda e driblar o desemprego, que atinge cerca de 11,3 milhões de brasileiros, conforme revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Geração Z investe na formação profissional. Porém são cursos técnicos, graduações e pós-graduações que comprometem o orçamento mensal e os aprofundam lentamente no endividamento.
Um levantamento mais atual, feito em abril deste ano pelo Índice Finanzero de Empréstimos, por sua vez, mostrou que 5,7% dos empréstimos feitos por esse grupo provêm de necessidades estudantis. Cerca de 53% das solicitações totais foram feitas por homens.
Custo de vida
O combo formado entre os compromissos financeiros com os estudos e o aumento consistente no custo de vida e moradia representa uma verdadeira “bomba” entre os jovens. Na medida em que a inflação se sustenta em alta, também aumentam os gastos com aluguel, alimentação e transporte.
De modo a amenizar esse efeito, muitos jovens têm dividido a moradia e as contas com conhecidos. No entanto, mais do que conter problemas emergenciais, o recomendável é investir na educação financeira e no controle do consumo por impulso, presente em 56% dos jovens, conforme o estudo da CNDL e do SPC.