Com a integração de diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área, está sendo desenvolvido o programa Roraima Verde, que visa a implantação do sistema conhecido como ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).
O trabalho faz parte do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado para os próximos 10 anos: o Roraima 2030.
Executado por intermédio da parceria entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Secretaria do Índio e comunidades indígenas de Roraima, o programa visa suprir as necessidades dos povos indígenas, uma vez que, a integração lavoura-pecuária-floresta eleva a produtividade e amplia o uso da terra em uma mesma área, otimizando o uso dos insumos, diversificando a produção e gerando mais renda.
De acordo com o coordenador do programa Roraima Verde, o servidor da Femarh Adriano Calixto Sobreira, o Estado de Roraima instituiu em 2021 o Projeto de Grãos em Terras Indígenas com ações de fortalecimento da agricultura familiar, por meio da Secretaria do Índio.
“Como o projeto vem contribuindo para o alcance da sustentabilidade, geração de emprego e renda em mais de 105 comunidades, e que seus objetivos eram consonantes com os propostos no Programa Roraima Verde, foi concretizada essa parceria entre a SEI e a Femarh, para implantação de ILPF nas comunidades indígenas, o que uniu e transformou os dois projetos neste que é atualmente um grande programa de Governo de Roraima que se encontra em execução”, enfatizou.
Adriano ressaltou, que nesse primeiro momento de implantação do projeto está sendo realizado o plantio de milho integrado com o plantio de eucalipto e no ano de 2023 será inserida a pastagem para o desenvolvimento da pecuária na área.
“Iniciamos a execução do programa pela Comunidade Indígena de Canauanim, localizada no município do Cantá, onde foram plantados 45 hectares de grão de milho integrada a espécie florestal do eucalipto. No ano que vem, estaremos realizando a inclusão da pastagem com o plantio do capim, onde essa comunidade após a colheita do grão estará preparada e apta para iniciar a criação de gado na área, com o ganho de peso através do consumo dessa forrageira”, destacou.
Conforme o coordenador, no sistema de integração, a introdução da lavoura, geralmente, ocorre nessa fase inicial do sistema juntamente com o componente florestal, enquanto o mesmo não prejudica a produtividade das culturas com o sombreamento. “Após a fase agrícola, e quando as árvores atingirem porte capaz de suportar animais em pastejo, a fase da pecuária é introduzida. Para a adequada condução desses sistemas, o espaçamento entre fileiras de árvores ocorre em função das dimensões do maquinário para semeadura, tratos culturais e colheita da cultura agrícola”, detalhou.
Áreas degradadas
De acordo com o presidente da Femarh, Glicério Fernandes, o programa Roraima Verde também tem a finalidade de recuperar áreas degradadas, tendo como ponto forte hoje o plantio de mudas nativas de eucalipto juntamente com o milho em terras indígenas.
“Esse sistema agrega valor, traz menor pressão sob o ambiente natural já que as comunidades têm a prática da agricultura de subsistência, diminuindo o uso do fogo, já que eles precisam fazer essa reforma da pastagem nativa através dessa prática, conseguindo a partir de agora ter acesso a pastagem cultivada por meio desse sistema de integração”, explicou.
COMUNIDADES
O coordenador do Polo de Grãos da Comunidade Indígena de Canauanim, Lucas Alexandres, disse que a chegada do Programa foi recebida com grande entusiasmo pela comunidade que já enxerga a colheita de bons frutos com a execução do programa na região.
“Recebemos com grande satisfação esse projeto que vai gerar vários benefícios para nossa comunidade com todo apoio do corpo técnico do Governo do Estado, por meio da Femarh e da Secretaria do Índio nesta grande parceria que só trata desenvolvimento para a nossa comunidade”, destacou.
Conforme o secretário do Índio, Marcelo Pereira, a parceria com a Femarh na execução do projeto é de extrema relevância no sentido de se garantir que as comunidades indígenas que hoje já enfrentam escassez de madeira, tenham essa oferta no futuro.
“A diversificação da produção com a oferta de alimentos por meio do plantio realizado no programa também é de bastante relevância para as comunidades. Roraima tem 46% de sua área composta por terras indígenas. São 719 comunidades, distribuídas em 10 etnias, com cerca de 12 mil famílias, uma população aproximada de 25% da população do estado, que chega a quase 125 mil indígenas”, detalhou Pereira.
1ª fase atende dois municípios
O projeto definiu como áreas prioritárias para implantação nessa 1ª fase em 2022, os municípios de Cantá, nas comunidades indígenas de Canauanim, Tabalascada e Malacacheta, e Amajari, nas comunidades de Ponta da Serra, Três Corações e Mangueira. A meta é plantar 150 hectares no sistema de integração, com o plantio de aproximadamente 60.000 mudas de eucalipto.
A seleção das áreas para plantio leva em consideração critérios técnicos de relevo, topografia, drenagem do terreno, fertilidade, tipos de solo. A participação da comunidade é fundamental, pois são eles que participaram do projeto na fase de limpeza, destoca, mecanização e plantio de milho em consórcio com eucalipto, que iniciou no mês de junho e vai até setembro de 2022.