Cotidiano

Sinjoper passa a integrar a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas

Dados da ABRAJI mostram que ataques à jornalistas nunca foram tão frequentes como atualmente

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper) integra a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, que tem a coordenação do Instituto Vladimir Herzog e da Artigo 19, e conta com o apoio das organizações Repórteres sem Fronteiras, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e da APJor (Associação Profissão Jornalista).

O presidente do Sinjoper, Paulo Thadeu das Neves, disse que o convite partiu do Instituto Idade Mídia, Comunicação para Cidadania, que é um coletivo e de comunicação independente de mídia alternativa do Estado do Pará.

“Enquanto coletivo de mídia alternativa Informe Popular e do Coletivo Mosaico, recebemos o convite para participar de um encontro em São Paulo, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Dessa forma, com a participação de diversas instituições de nível nacional e internacional, nós montamos uma rede de comunicadores e jornalistas a nível de Brasil e, em especial, a nível de Amazônia”, explicou o presidente.

De acordo com ele, essa rede está se organizando novamente, se fortalecendo e agora com a participação dessas instituições. Para ele, o momento propício para envolver o Sinjoper nessa rede de proteção.

Maior união

Paulo Thadeu vê essa integração como uma forma de unir ainda mais a classe de jornalistas profissionais de Roraima. “Defendemos o livre exercício da profissão de jornalista, da profissão de jornalista assegurada a ampla independência, liberdade de imprensa, de pensamento e ação na informação como princípio inerente ao sistema democrático e a partir de agora temos mais força para garantir os nossos direitos e proteção”, detalhou.

O presidente também incentivou a categoria a não se calar diante das ameaças e ataques. “Sofreu algum tipo de ameaça ou ataque à sua liberdade de expressão? É só denunciar e receber as orientações, sugestões nas medidas de proteção. Então, nós estamos divulgando o site rededeproteção.org.br, do qual faz parte agora o Sinjoper”, pontuou.

Ataques aos jornalistas em números

Os ataques à liberdade de imprensa e de expressão nunca foram tão intensos e escancarados como está ocorrendo atualmente. O relatório do “Monitoramento de ataques à imprensa no Brasil 2021”, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) traz dados e análises gerais sobre episódios de violência contra jornalistas, comunicadores e meios de comunicação ao longo de 2021.

A série histórica do monitoramento seguindo a metodologia comum, teve início em 2019, quando foram registrados 130 ataques a jornalistas no Brasil. No ano seguinte, esse número sofreu um aumento de 182,3%, alcançando o patamar de 367 alertas em 2020.

Apesar de não seguir a mesma proporção de crescimento, há uma piora significativa na situação da liberdade de imprensa no Brasil de 2020 para 2021. Foram registrados, no último ano, 453 alertas de violações nos diversos indicadores estabelecidos, marcando um aumento de 23,4%. Em 2022, já foram registrados 45 ataques

O relatório “Violência de gênero contra jornalistas” com dados sobre os ataques com viés de gênero e casos que vitimaram mulheres no Brasil em 2022, aponta que somente neste ano foram registrados 45 ataques, dos quais, 55,5% contêm discursos estigmatizantes, que buscam difamar e constranger as vítimas. Desses, 84% são discursos de autoridades e figuras proeminentes, 56% são campanhas sistemáticas de ataques. Em 42,2% dos casos, a vítima cobria temas políticos.

Ranking das agressões:

1º – Agressões físicas: 28.9%
2º – Ameaças, intimidação e ciberameaças: 22.2%
3º – Assédio sexual: 4.4%
4º – Processos civis e penais: 4,4%
5º – Tentativa de homicídio e atentados: 4.4%
6º – Destruição de equipamentos: 2.2%
7º – Restrições ao acesso à informação: 2.2%
8º – Violência sexual: 2.2%

Perfil das vítimas

Do total de casos registrados, as ocupações das vítimas eram:

1º – Repórteres ou analistas: 86,6%
2º – Fotógrafos, cinegrafistas, editores ou membros da diretoria: 6,6%
3º – Repórteres independentes e produtores de conteúdo jornalístico: 2,2%