Cotidiano

Mulher cobra cirurgia para retirar bebê morto da barriga da irmã

Jeicilene Oliveira vê negligência no atendimento à jovem. Sesau rebateu a fala e informou que paciente segue recebendo toda a assistência

A cuidadora infantil Jeicilene Oliveira da Silva, de 22 anos, procurou a Folha para cobrar que o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré realize cirurgia cesariana para retirar o bebê morto da barriga da irmã, a auxiliar de limpeza Jaquelane Sousa da Silva, 21 anos, que estava grávida de nove meses.

Segundo Jeicilene, Jaquelane está desde as 15h de terça-feira (26) com a criança morta e corre o risco de vida. O trabalho para retirá-la está sendo feito por meio de parto induzido. Até o momento, a auxiliar de limpeza tem sentido apenas contrações leves.

Jeicilene acredita que houve negligência durante o atendimento à jovem, desde o Hospital Epitácio de Andrade Lucena, em Alto Alegre, o qual critica por não encaminhar a irmã à Maternidade em uma ambulância, em vez de a família levá-la em transporte próprio. Na unidade hospitalar, o bebê apresentava 80 batimentos por minuto. A Sesau disse em nota (que pode ser conferida ao final da reportagem) que o primeiro atendimento, na verdade, foi em uma Unidade Básica de Saúde do município.

“Foi nesse percurso [de Alto Alegre a Boa Vista] que os batimentos foram diminuindo. Quando ela deu entrada na Maternidade, os batimentos estavam cada vez mais fracos e os movimentos estavam diminuindo também. Foi quando ela deu entrada e simplesmente pediram para ela aguardar o período”, relatou.


Até o momento, com o bebê morto na barriga, a auxiliar de limpeza tem sentido apenas contrações leves (Foto: Divulgação)

Jaquelane chegou ao Hospital Materno por volta de 12h de terça-feira e não foi imediatamente atendida. O bebê foi declarado morto por volta das 15h, segundo Jeicilene. “Os médicos poderiam ter visto a situação dela, o fato de ela ter falado que a criança não estava com os batimentos normais e que estavam diminuindo cada vez mais. Poderiam ter encaminhado com urgência, no meu ponto de vista, para sala de cesárea e ter feito uma cesariana e não ter esperar a vez de bater ultrassom, como estava a situação dela. Quem é mãe sabe como é”, disse.

Sesau rebate falas

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), por meio da direção geral da Maternidade, disse que a paciente segue recebendo toda a assistência da equipe médica do serviço de obstetrícia.

“Oriunda do município de Alto Alegre, a paciente deu entrada na unidade por volta das 12 horas do último dia 26 de julho, com óbito fetal. Foi realizada a rotina de exames complementares, sempre obedecendo a protocolos do Ministério da Saúde, com acompanhamento de psicóloga”.

Na nota, a Sesau disse que a suposta negligência relatada em relação ao Hospital Epitácio de Andrade não procede. “De acordo com a Direção Geral da unidade, a paciente buscou atendimento inicial em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) do município de Alto Alegre, sendo orientada pelo profissional médico a procurar a Maternidade de Boa Vista para fazer exame de ultrassom”.

Por fim, a nota da Sesau diz que “mesmo com a indicação imediata de atendimento na maternidade, a paciente ainda procurou o hospital do município, que novamente avaliou a paciente e também orientou a mesma a procurar a Maternidade de Boa Vista. Não houve necessidade de acionamento de ambulância, uma vez que a paciente apresentava quadro clínico estável, sem nenhuma complicação de saúde”.