A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade adulta, uma época da vida em que ocorrem diversas mudanças, como, mudar de escola, sair de casa e começar a universidade ou buscar um emprego. Essas mudanças interferem na saúde mental e comportamental do adolescente, uma vez que ele está propício ao aparecimento de psicopatologias, como ansiedade e depressão.
Para muitos, estes são tempos emocionantes, mas também podem ser momentos de estresse e apreensão. Em alguns casos, se não forem reconhecidos e gerenciados, esses sentimentos podem levar à doença mental. “Nesse período há a questão das atividades neurais. A evolução é muito rápida e é um período em que o nosso cérebro está muito acelerado e com várias notificações, tudo muito rápido”, disse a psicóloga Nara Lisiane, mestre em ciências da saúde.
A pandemia como consequência da covid-19 também foi um fator que contribuiu para o desenvolvimento de doenças psicopatológicas, visto que ela afetou diversos setores, e principalmente no que se refere ao convívio social. Sendo assim, jovens e adolescentes também sentiram o peso das mudanças no dia-a-dia.
“Foi um período difícil para todos nós, mas principalmente para os adolescentes. Agora com a volta às aulas, a gente [psicólogos] têm observado muita demanda em relação às crises de ansiedade desses adolescentes na escola, por causa da questão da adaptação ao ambiente, né?”, relatou.
A prevenção começa com uma melhor compreensão
De acordo com Nara, não existe uma causa específica para a depressão e ansiedade. Os distúrbios normalmente se dão com a combinação de diversos fatores internos e externos. Falta de entusiasmo, isolamento de atividades sociais, baixo rendimento escolar, baixa autoestima e irritabilidade, são alguns dos sinais para ativar o alerta. É importante se atentar às mudanças de comportamentos para conseguir tratar da melhor maneira.
Em geral, a depressão afeta o humor, o pensamento, a disposição e/ ou o comportamento de uma pessoa. Nos casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio, que já é a segunda principal causa de morte em jovens entre 15 e 29 anos.
A psicóloga diz que o diálogo entre pais e ou responsáveis é primordial para lidar com adolescentes. “Os pais precisam dar espaço para o filho se expressar, para contar como foi o dia, para desabafar sobre problemas que estão afetando o desempenho em alguma atividade… Mas não quer dizer que pai e mãe sejam amigos, eles devem ser a referência, alguém que o adolescente vai procurar para poder ter a segurança necessária, né?”, afirmou.
Ainda de acordo com ela, o mais indicado é que os pais procurem ajuda profissional por meio da terapia, já que com ela, o adolescente consegue limpar e organizar suas emoções, de modo que as compreenda.
Nara Lisiane costuma trabalhar questões de saúde mental em grupos que servem para os jovens se expressarem e se identificarem com outras pessoas, que muitas das vezes passam ou passaram por problemas parecidos. A iniciativa se chama “Ansiedade e resiliência” e foi criada em coletivo com uma outra colega da área de psicologia.
“A gente começou nesse período da pandemia, porque percebemos que tinha uma demanda em relação a isso. Mas a gente não ia ficar focado só na questão da ansiedade. A gente precisava que esse adolescente também percebesse sobre essa capacidade de superação, sobre como lidar com determinadas questões”, finalizou.
Para quem tiver interesse, o novo grupo tem previsão para começar no dia 05 de agosto na Panton Livraria, localizada na rua Barão do Rio Branco, 882- Centro. Mais informações via Whatsapp: +55 95 8403-0040