Imagina você ter a sua água tratada cortada e ter que usar a água da chuva para beber, tomar água, cozinhar e lavar. Uma realidade inimaginável! Mas essa é a realidade de 139 adultos e 57 crianças, que moram em uma ocupação, no bairro 13 de setembro. O problema está ocorrendo desde o final do mês de julho.
A reportagem esteve na ocupação espontânea Coronel Monteiro e conversou com os moradores que relataram como estão sobrevivendo coletando água da chuva.
De acordo com a voluntária Simone Oliveira, as famílias eram atendidas, desde 2020, por um projeto de abastecimento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), porém o projeto não foi renovado.
“Não foi renovado o projeto e o abastecimento foi interrompido. Tinha a expectativa de ser renovado, mas não foi e as famílias estão sem água desde domingo. A água e comida são suprimentos básicos, indispensáveis para a sobrevivência e aqui estão privados”, explicou.
Por conta da água utilizada para consumo ser da chuva, as pessoas, principalmente, as crianças estão com alguns problemas de saúde, como vômito, diarreia, entre outros problemas relacionados à má qualidade da água. Para amenizar o problema, as famílias pedem água dos vizinhos, que nem sempre ajudam. Por conta da cheia dos rios, os moradores tem medo de ir até a beira pegar água.
“É uma situação muito difícil. Nós e os nossos filhos estamos adoecendo por está bebendo a água da chuva. Pedimos dos vizinhos que nem sempre nos doam”, destacou a líder da ocupação, Angelis Navarro.
Simone relatou, ainda, que outras ocupações em Boa Vista e no interior que eram atendidas pelo projeto também estão sem acesso a água tratada. Para ajudar as famílias afetadas pela falta de água, a voluntária tem levado para a sua casa algumas peças de roupa dos ocupantes para lavar. “Essa é uma forma de amenizar a situação e ajudar essas pessoas”, explicou.
Como está semana foram registradas chuvas em Boa Vista, as famílias aproveitaram para coletar a água com baldes e tomar banho.
A reportagem entrou em contato com a Companhia de Águas e Esgotos (Caer) sobre o abastecimento das ocupações e aguarda retorno.