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Os jovens de hoje sonham menos? Saiba a importância de se planejar

Estudantes relatam sobre os desafios de projetar um futuro com tranquilidade e antecedência

Nesta sexta-feira, 12 de agosto é celebrado como dia mundial da juventude. Num mundo cada vez mais moderno, como os jovens de hoje planejam o futuro?

Inseguranças, dúvidas, sentir-se “atrasado” na vida profissional, busca por independência financeira e entre outros questionamentos fazem parte da transição da adolescência, para uma vida adulta estável. 

O psicólogo Wagner Costa afirma que a insegurança é comum e deve ser orientada por um adulto. “Essa insegurança é normal e é por isso que o jovem precisa do suporte de um adulto. Hoje a neurociência comprova que os circuitos cerebrais só estão totalmente organizados a partir dos 21 anos. Então esse jovem entre 15 e 20 anos vai ter inseguranças e incertezas e é preciso que ele tenha adultos equilibrados ao lado  que possam dar suporte à ele. Não saber o que você quer ser não é um problema. ‘Vem aqui, vamos conhecer as profissões, sem pressão’. Então acredito que é normal essa incerteza e que esse jovem precisa do apoio de pais, professores, e adultos que possam dar suporte a ele”, frisou.

Desafios da geração pós pandemia

As adolescentes Anna Lúcia Barros e Júlia de Souza têm 15 anos e estão na fase de adaptação de um mundo pós-pandemia. Na escola, a disciplina “Projeto de Vida” ajuda a aliviar a pressão externa e planejar o futuro. “Para mim a matéria é essencial, Com a volta das aulas presenciais, a matéria foi muito importante pelo fato de estar todo mundo muito fragilizado por causa da pandemia. Tratamos muito sobre saúde mental, sobre a área profissional. Então, a gente consegue aprender mais sobre profissões, sobre a faculdade, sobre vestibular…” afirma Anna Lúcia.


As estudantes estão no primeiro ano do ensino médio (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

“Eu acho muito interessante toda a turma discutir sobre o futuro. Nós sabemos porque assim agora que  passamos horas e horas pros nossos amigos e teve esse momento de discussão, é muito importante tanto nessa troca de ideias, saber a vontade do nosso grupo de amigos, das pessoas que nós convivemos”, compartilhou Júlia.

Sobre o futuro, as estudantes do primeiro ano do ensino médio têm visões e planos diferentes. Júlia ainda está discernindo sobre o futuro profissional. “Ainda não tenho muitas ideias do que eu quero cursar na faculdade. Tenho uma certa aptidão por humanas, eu gosto bastante de história. Eu pretendo ter pelo menos até o segundo ano [do ensino médio] uma boa ideia do que eu quero fazer. Isso me dá uma certa aflição com toda essa pressão e tudo mais. Porém eu estou tentando levar da forma mais positiva possível toda essa situação”, disse a jovem.

Já Anna Lúcia explora diversos campos em que tem interesse. “Quero focar no vestibular e na faculdade. Eu quero fazer medicina e química e tenho um projeto de seguir na carreira de policial para frente”.

O medo de estar sempre “atrasado”

A expressão da língua inglesa “Fear of missing out”, que quer dizer  “medo de perder algo”, explica a sensação de atraso despertada em alguns jovens. Tentar estar sempre apto às mudanças, principalmente da tecnologia, podem fazer o jovem pensar que não sabe o suficiente. “Isso vai gerando uma sensação de que eles estão correndo atrás, mas as coisas estão sempre mais rápido. E isso gera um mal estar. Para controlar isso, é preciso saber que as coisas andam rápido mas que aquilo que eu sei é o suficiente para eu resolver meus problemas. Vou aprender algo novo quando eu precisar desse conhecimento, antes disso não é uma necessidade”, explicou Wagner.


Os alunos de Vera Lopes recebem a disciplina de Projeto de Vida desde o começo do ensino fundamental, até o final do Ensino Médio (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Vera Lúcia Lopes é coordenadora pedagógica no Claretiano Colégio e falou sobre a importância de despertar o interesse sobre o planejamento precocemente. “A disciplina de projeto de vida vem ajudar o jovem a definir seus desejos, seus sonhos, partindo do princípio do que ele é e do que ele deseja ser,  traçando  metas para o futuro, então a disciplina ajuda o aluno a traçar um caminho para os seus sonhos. A gente vê o interesse, o desenvolver das aulas de uma forma muito participativa, porque trabalha com tema onde o aluno vai ele buscar, ele pesquisar e desenvolver nos conteúdos desejados, o que eles pretendem para a vida”, declarou.

Mantendo a calma na hora de pensar no futuro

A ansiedade por um futuro próximo e bem estruturado não pode atrapalhar os planos de um adolescente ou jovem adulto. Buscar autoconhecimento e uma rede de apoio, segundo Wagner, é essencial para passar por um processo de amadurecimento leve e saudável

“É preciso planejar a vida como um todo. Eu sempre digo que quando você pensa na sua profissão você não está só pensando em ganhar dinheiro. Você está pensando no tipo de vida que você está escolhendo para você. Tem gente que pensa em ganhar dinheiro e depois descobre que ele leva uma vida que não é agradável. o desenvolvimento da inteligência emocional vem antes de se pensar em educação financeira. Se conhecer, saber do que ela gosta, saber como é que é a vida, ter uma visão crítica do mundo, perceber as contradições. O jovem que recebe apoio de um professor, um amigo, um parente fica tranquilo porque ele sabe que ele tem que fazer uma faculdade, mas ele não fica desesperado. Essa calma ela só se mantém quando nós temos uma rede de contatos e de suporte à nossa volta” disse o psicólogo.