O engenheiro Frederick Lins e Silva, em entrevista sobre as Alternativas Energéticas para Roraima, concedida ao programa Agenda da Semana da FolhaFM, neste domingo, 14, confirmou ao apresentador Getúlio Cruz que a energia hídrica é a maior alternativa para o Brasil e para Roraima.
“A energia mais limpa continua sendo a hidráulica. Você só aproveita o potencial hídrico para gerar energia. Agora acessando o site sobre energia, vemos que temos 50 gigas de energia circulando no Brasil e 25 gigas vem da hidráulica, 4 gigas da energia solar e da nuclear vem 1,3 gigas”
Lins e Silva disse que em Roraima 5 megas da energia é hídrica e a térmica é 50% de diesel e 50% de gás. Explicou também que o uso da energia tem picos em Roraima.
“A energia é uma commodities e ela tem uma demanda inelástica, que independente do preço. Se eu tenho que ligar o meu ar-condicionado à tarde, eu vou ligar. O pessoal que usa chuveiro elétrico vai tomar o banho depois do trabalho, então você tem a curva que aqui em Roraima é bem acentuada a tarde, por volta de três horas da tarde e o segundo pico a noite, por volta de 11hs”.
Hidrelétrica do Bem Querer
Frederick explicou que todos os anos é feito um plano decenal de energia, pela Empresa de Aproveitamento Elétrico no Rio de Janeiro, que determina o que acontece no setor nos próximos 10 anos e disse que no último plano, a única possibilidade de Roraima ter mais geração de energia, está relacionada a um possível leilão da Usina Hidrelétrica do Bem Querer, uma usina de 650 megas.
“Consumimos na ponta 200 megas e estaríamos exportando para o sistema interligado quando tiver o linhão nós vamos exportar energia. Quando tivermos conexão com o linhão e com a Venezuela poderemos tanto importar quanto exportar energia, o que pode ajudar muito em qualquer dificuldade energética que tivermos”.
Sobre as usinas hidrelétricas, Lins explicou que não se fazem mais usinas com reservatório e que isso dificulta o controle da potência. “Precisamos ter, na hora da ponta, usinas que fazem a base, com Fontes controláveis de energia. A solar e a eólica elas não elas não tem esse controle. Como não se fizeram mais usinas de reservatório ficamos sem fonte de potência, então precisamos pensar em outras fontes de potência”.
Energia do Futuro
Para o engenheiro elétrico, o hidrogênio é hoje considerado no mundo como a energia do futuro apesar de estar em fase inicial, e Roraima é um dos estados do Brasil com potencial.
“O hidrogênio azul ou cinza é sintetizado a partir do gás natural e é usado para armazenar. O verde é retirado a partir da água sendo o mais puro e aqui no Brasil ainda está no início e a ideia é descarbonizar a matriz, acumulando ele em placas. E temos o hidrogênio branco que está no subsolo e Roraima é um dos quatro estados onde esse hidrogênio é possível de ser retirado”.
Outras fontes de energia
Frederick explicou que Roraima tem potencial para Biogás e para outras fontes de energia.
“Eu tenho alguns colegas que falam que a gente tem um pré-sal em Roraima que é o BioGás, em especial o dejeto de suíno e bovinocultura. A agropecuária deveria se espelhar. Eu vou pegar exemplo de uma vaca leiteira. Cinco quilos dia, que vai dar em média meio metro cúbico e em um mês, se produz treze botijões de treze quilos de GLP. Para produzir 650 quilowatts horas de energia é preciso apenas 40 vacas”.
Frederick disse ainda que isso demonstra que Roraima tem um potencial enorme para a produção de energia. “Outra coisa que eu vislumbrei aqui foi o etanol do milho que tá tendo muito agora. Temos potencial de produzir milho, e mais ou menos 85 litros de milho vão gerar 450 kilowatts além de subproduto que vai gerar uma ração componente”.
Lins explicou que o carro a gás natural polui menos que o etanol e que o elétrico e que se tivermos mais energia do que consumimos vamos poder negociar.
‘Se tiver interligado no sistema elétrico, a gente vai poder entrar no Mercado Livre de Energia. Hoje, quem tá lá no sistema interligado é quem tem uma demanda de quinhentos quilowatts e pode comprar energia de onde quiser. Se eu sou dono de uma rede de supermercado aqui de Roraima, eu posso comprar minha energia lá do Nordeste, do Sul. Só precisa aderir à Câmara de Comercialização de Energia. O cara vai entregar aqui e eu vou receber e economizar muito com isso”.