Um menino indígena de dez meses de idade morreu na madrugada desta quinta-feira (18), no Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista, após três meses de tratamento nas vias respiratórias. O avô de Whinderson Simeão Xirixana, Eliseu Xirixana Yanomami, acredita que houve negligência por parte da equipe médica, que estaria dormindo enquanto o aparelho de traqueostomia instalado na criança estava entupido.
“Não deveriam dormir, deveria ter muita atenção ao paciente, que é trabalho deles. Não podiam esquecer do paciente. Eles têm que estar ligado”, disse. “A mãe relata que todos estavam dormindo […]. Ela relata que a criança estava normal, ligou ontem pra nós dizendo que ele já estava se movimentando […]. E hoje de manhã a gente recebe essa triste notícia”, completou ele, que é líder da comunidade indígena Alto Mucajaí.
Além disso, o avô disse que a Funai (Fundação Nacional do Índio) negou apoio de duas viaturas para transportar o corpo junto com outros 11 familiares que estão em Boa Vista para participar do ritual fúnebre na comunidade situada no Município de Alto Alegre, dentro da Terra Indígena Yanomami.
O motivo alegado pelo órgão, segundo Eliseu Xirixana, seria a falta de motoristas. “Preciso ir embora com meus parentes onde estou alojado. A Funai está pra apoiar o indígena no que for necessário. No nosso ritual, queimamos o corpo, é a cultura deixada pelos nossos ancestrais”, disse ele, que por outro lado, afirmou que o transporte do corpo da criança será feito pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).
Procurados, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) e a Funai não comentaram o assunto até a publicação da reportagem.