Produtores de banana do Sul de Roraima protestam há oito dias pela valorização dos preços da produção local para venda e bloquearam a passagem de caminhões cargueiros de bananas no quilômetro 113 da rodovia federal BR-210, entre os municípios de São João da Baliza e Caroebe. O ato não tem data para acabar, avisou o líder do movimento, David Sião, em vídeo.
A maioria dos clientes dos produtores são grandes compradores de Manaus. “Uma caixa lá chega a R$ 80, R$ 70, R$ 75 e eles querem comprar aqui R$ 20 uma caixa. Quem produz banana sabe o que a gente passa hoje em dia pra manter o bananal”, disse Sião no vídeo.
Em entrevista à Folha, o advogado do líder do movimento, Ernani Dionísio, afirmou que os produtores do Sul do Estado propõem reajustar, em R$ 5, o preço cobrado atualmente pela caixa com 25 quilos de banana, que poderia ficar em R$ 40 a “de primeira” e R$ 35 a “de segunda”.
Segundo ele, os grandes compradores, que na opinião dos produtores detêm um “monopólio” do mercado, não aceitaram a proposta e propuseram estabelecer o preço em R$ 30 a caixa de banana “de primeira” e R$ 25 a “de segunda”. “A proposta dos grandes compradores não condiz com o que realmente podem estar pagando”, disse.
“Se formos analisar o caso da produção da banana, eu diria que, desde a roça, os gastos pra derrubar legalmente a roça, limpá-la, tirar a diária dos boias frias e até essa banana chegar à estrada através de tratores, considerando ainda a alta dos combustíveis, justifica essa manifestação dos produtores”, disse Dionísio, que ressaltou a necessidade de as forças de segurança ficarem 24 horas no local para evitar com que a situação fuja do controle.
Na tarde de quarta-feira (17), caminhões dos grandes compradores bloquearam a rodovia federal, o que obrigou a PRF agir para desobstruir a via. “A gente tem receio que os ânimos se agravem”, pontuou, ressaltando que o alvo principal do protesto dos produtores é o preço de venda da banana, não os caminhoneiros.
Na terça-feira (16), empresários de Manaus protocolaram uma ação na Justiça Federal para que a União, por meio da PRF (Polícia Rodoviária Federal), garanta a passagem de todos. Ainda não saiu nenhuma decisão liminar.
Por sua vez, produtores pediram na Justiça de Roraima um habeas corpus preventivo contra possível repressão da Polícia Militar de São João da Baliza para garantir o direito à manifestação. No entanto, na terça, a juíza Rafaella Holanda Silveira, da Comarca de São Luiz, negou o pedido. “Não há nos autos comprovação de que o direito de manifestação dos pacientes tenha sido mitigado, impedindo-os de prosseguir com as manifestações”, disse a magistrada.
Procurada, a PRF informou, em nota, que está “atuando inicialmente na negociação e proteção a incolumidade das pessoas no local, manifestantes e condutores”. “Continuamos as tratativas para tentar a solução mais viável. Os procedimentos legais estão sendo tomados e estamos aguardando sair uma decisão Judicial sobre a legalidade do movimento”, finalizou.