Cotidiano

Roraimense se torna exemplo de luta

Caso em Roraima abriu precedentes para que outros pais obtivessem o direito a pedir licença do trabalho para cuidar dos filhos

Diante de uma situação familiar difícil, ocasionada pela perda da esposa durante o parto do filho mais novo, o funcionário público Josemar Sales foi o primeiro pai no Brasil a conquistar o direito da licença paternidade por vias administrativas, o que lhe garantiu cuidar do caçula sem precisar trabalhar durante seis meses.

Segundo ele, como a questão jurídica do direito à licença paternidade não existia na época, em 2011. O caminho até conseguir a liberação do trabalho foi longo. “Foi indeferido no primeiro momento, mas eu recorri até chegar à última instância e conseguir a licença. Foi o primeiro caso no Brasil em que não houve a necessidade de processo judicial”, destacou.

A demora em garantir o benefício, antes oferecido apenas às mães, fez com que o pai se sentisse pressionado entre a difícil decisão de permanecer no trabalho e cuidar dos filhos. “Demorou seis meses para que eu conquistasse meus direitos. Senti uma pressão muito grande por não saber o que iria acontecer no final”, lembrou.

O abismo dentro da legislação, que não contempla casos parecidos como o do funcionário público, ajudou a abrir precedentes para que outros pais também garantissem direitos a licenças trabalhistas para cuidar dos filhos. “Luto para que os políticos enxerguem a necessidade de se rever isso. Não gostaria que ninguém passasse o que eu passei. Tive que cuidar dos meus filhos com a preocupação de não ser prejudicado no trabalho”, disse.

Apaixonado pelos filhos Juliano, de 7 anos, Juliel, de 6, e Arthur, de 4 anos, Sales se considera pai e mãe das três crianças. “Moro sozinho com eles, sou pai e mãe. É um sentimento em que, mesmo diante de uma tragédia, me sinto privilegiado, porque tenho a esperança que muitos pais não poderão ter”, ressaltou.

Para ele, o olhar paterno e o cuidado materno pelos filhos são fundamentais na criação dos pequenos. “Hoje eu tenho que olhar meus filhos não só com a visão paterna, mas com os cuidados maiores que seriam observados pela mãe. Um olhar mais apurado para cuidar deles, pelo fato de eles só terem a mim”, frisou.

Primeiro idoso da Casa do Vovô fala da saudade que sente dos filhos

Enquanto muitos pais vão comemorar a data dedicada especialmente para eles com suas famílias, outros apenas guardam na lembrança o carinho pelos filhos. É o caso da grande maioria dos 32 idosos que atualmente vivem na Casa do Vovô, localizada no bairro Mecejana, zona Oeste.
Em meio à rotina diária de cuidados médicos, com a atenção de uma equipe formada por clínico geral, técnicos em enfermagem, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e cuidadores, os idosos não deixam escapar a saudade da família.

Primeiro idoso residente no abrigo, o ex-garimpeiro Humberto Fernandes, de 85 anos, chegou a Roraima ainda à época em que o Estado era Território Federal. Antes disso, constitui família no Amazonas, onde perdeu o contato com os dois filhos. “Nunca tive muito contato, não fui presente porque viajava muito e não tinha tempo para ficar com eles. Sinto falta da minha família, principalmente dos meus filhos”, lembrou.

O Dia dos Pais, segundo a coordenadora do abrigo, Socorro Lima, não é celebrado pelos idosos por conta da distância que possuem das famílias. “Não temos uma programação especial justamente porque existe o sentimento de tristeza por estarem longe dos filhos”, frisou. (L.G.C)