Política

Indígenas pedem dignidade para a Educação

O encontro aconteceu na tarde de hoje, 10, no plenário deputada Noêmia Bastos Amazonas

Lideranças indígenas e representantes do Conselho Indígena de Roraima (CIRR), atendendo um ofício da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIRR), participaram da audiência pública sobre a Educação Indígena com a Comissão de Educação, Cultura, Desportos e Saúde, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Dentre as reivindicações eles solicitam a saída da atual secretária de Educação, Selma Mulinari e a inclusão integral do eixo da modalidade de educação indígena, no Plano Estadual de Educação como educação específica e diferenciada.

No plano elaborado pelo governo do Estado esse capítulo foi excluído.

Segundo o coordenador geral do CIRR, Mário Nicásio, a exclusão do eixo anula a cultura indígena presente de forma clara na hora de educar crianças e alunos, conforme a cultura de cada etnia.

“Nosso manifesto é pacífico, somos contra a violência e totalmente a favor do respeito, porém, somos ainda mais contra a forma como estão querendo conduzir nossa cultura. Ninguém vive sem educação e nosso direito indígena nunca nos foi dado, foi conquistado em mais de 30 anos de lutas e vitórias. O índio tem direito a trançar, dançar, cantar e principalmente aprender sua língua mãe”, disse Nicásio.

Ainda segundo Nicásio, o povo indígena em Roraima representa 12% de toda a população. São 60 mil pessoas divididas em 480 comunidades, com 10 etnias diferentes e 14 mil alunos do ensino fundamental ao médio, distribuídos em 255 escolas, educados por cerca de 1.700 professores.

“Esse é o tamanho do prejuízo. É inaceitável que isso continue ocorrendo nos tempos atuais. Nosso plano foi criado em 2013, devemos avançar e não retroceder”.

Nicásio especificou que a atual gestão governamental deve se preocupar com a reforma das escolas, realização de concurso indígena ‘diferenciado por territórios etnoeducacionais’, contratação de pessoal de apoio, transporte e merenda escolar.

“Nossa greve geral foi deflagrada, com tempo indeterminado para acabar. Hoje temos 4,8 mil indígenas acampados aqui no centro cívico. Uma vez fomos expulsos, agora só iremos sair quando nossas solicitações forem atendidas”, disse.

O líder indígena repudiou o ato, classificado por ele como inaceitável, da secretária de educação Selma Mulinari.

“Hoje pela manhã, nós do CIRR e da OPIRR fomos impedidos de protocolar nossos documentos na Secretaria de Educação [Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos – SEED], porque simplesmente um cadeado foi posto no portão principal, ferindo nosso direito de ir e vir previsto na Constituição Federal”, comentou.

Para Enilton André da Silva, gestor da escola estadual Índio Manoel Barbosa, localizada na comunidade de Sorocaima II, município de Pacaraima, desde 1985 a classe escolar indígena vem lutando pelos direitos de educação em Roraima.

“Acabar com nossa cultura é acabar com nosso povo. Seria o mesmo que proibir o branco de aprender o português. Além das necessidades já citadas, queremos oferecer uma educação de qualidade as nossas comunidades. Pleiteamos melhorias para os professores, ampliação de algumas unidades e material didático, por exemplo. Até que o governo não atenda pelo menos 90% das nossas reivindicações, não vamos cessar com a greve”, garantiu.

Para atender as lideranças indígenas participaram da audiência pública, além do presidente da Casa, deputado Jalser Renier (PSDC), os representantes da comissão de Educação: a presidente, deputada Lenir Veras (PPS), os deputados Evangelista Siqueira (PT) e Chico Mozart (PRP). Também são membros os deputados Masamy Eda (PMDB), vice-presidente e Mecias de Jesus (PRB).

SupCom ALE-RR