Cotidiano

Mercado imobiliário sente a crise e registra queda de 35% em Roraima

Mudança nas regras de financiamento e os juros altos fizeram com que o setor entrasse numa recessão

O mercado imobiliário de Roraima, assim como no restante do País, passa por um momento de recessão, registrando 35% de queda nas vendas e aluguéis de imóveis nos sete primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A informação é do presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Edifícios em Condomínios Residenciais e Comerciais do Estado de Roraima (Secovi), também conhecido como Sindicato da Habitação de Roraima, Ricardo Mattos.

A quebra de financiamentos e os juros altos foram apontados pelo presidente do Secovi como os principais fatores que contribuíram para a recessão no mercado em Roraima. As taxas de financiamento eram de 80% e 90%, mas caíram para 40% devido à nova política aplicada pela Caixa Econômica, que mudou as regras de financiamento, segundo ele.

Ele ressaltou que esse novo modelo, aliado à crise financeira, acarretou uma demanda de estoque reprimido de casas, terrenos e prédios de aluguéis nas imobiliárias. “São imóveis de todas as faixas, tanto para venda como para alugar, tanto na parte residencial como de comércio. Houve uma grande retração por não ter ativo circulante no Estado”, frisou.

O resultado pode ser visto em vários bairros da cidade, inclusive no Centro, com pontos comerciais fechados com placa de “vende-se” ou “aluga-se”. “Devido à crise, muitos comércios fecharam e colocaram o ponto para vender ou alugar. Hoje a oferta está maior que a demanda e o mercado imobiliário sente a crise”, disse.

Ricardo Mattos informou que o Sindicato da Habitação de Roraima é composto por treze imobiliárias, mas o mercado local deve ter de 25 a 30 imobiliárias. Quanto à possibilidade dos preços de aluguéis e vendas de imóveis vir a cair, acompanhando a tendência da lei da oferta e da procura, ele disse que isso depende do mercado e que o sindicato apenas acompanha.    

“O mercado é que vai demandar essa situação, mas já se percebe claramente que o valor de imóvel começou a cair”, disse, ressaltando que no bairro Caçari, zona Leste, já se chegou a vender um metro quadrado de terreno por R$ 350,00 e hoje esse valor caiu para R$ 250,00. “Houve uma queda de 20 a 30% no metro quadrado nos bairros nobres, nos bairros periféricos da cidade e no Cidade Santa Cecília, que não é Boa Vista, mas faz parte da região metropolitana de Boa Vista, que tinha o metro quadrado entre R$ 45,00 e R$ 40,00. Um terreno era vendido por R$ 35 mil ou R$ 40 mil, mas hoje se compra por R$ 23 mil ou R$ 20 mil. Isso é uma queda vertiginosa”, frisou.

Sindicato orienta a negociar com corretores credenciados

Comprar um terreno ou mesmo a casa própria é um sonho perseguido por milhares de brasileiros, mas esse sonho pode se tornar um pesadelo ao fazer-se um negócio com pessoas sem credibilidade, arriscando perder o dinheiro poupado há anos, como alguns casos já divulgados pela mídia. O presidente do Sindicato da Habitação de Roraima, Ricardo Mattos, alerta para que se procure um especialista da área, de preferência um corretor credenciado ou uma imobiliária para fazer o negócio.  

Ele relatou um caso recente que aconteceu em Boa Vista que ocorreu com uma pessoa que comprou um terreno de um particular no bairro Jardim Equatorial. Eles foram ao cartório formalizar um compromisso de compra e venda e reconheceram a firma. “Ele acha que isso lhe dá segurança jurídica, por estar registrado no cartório. Mas, na verdade, o terreno pertence ao Estado. Por isso recomendamos que procurem a intermediação de uma imobiliária ou um corretor credenciado, que é a pessoa que tem responsabilidade civil e criminal por seu atos”, disse.   

Ele ressaltou que o corretor e a imobiliária poderão fazer uma investigação sobre a procedência do terreno, se é de propriedade particular ou não, se tem algum gravame (se o bem possui alguma dívida ou se é de herdeiro e tem pendências na Justiça).   

“Não usem a emoção no momento que forem comprar um imóvel, mas a razão. Procurem a segurança jurídica daquele imóvel e a credibilidade de quem está negociando para não terem problemas futuros”, destacou. (R.R)