Cadáver demora mais de 26 horas para chegar ao IML em Boa Vista

O corpo do agricultor Lenilson Farias de Sousa, 21 anos, assassinado com um tiro de espingarda na última quinta-feira, dia 25, por volta das 17 horas, num sítio localizado na Vicinal 07, Km-18 do município de Caroebe, Sul do Estado – há 358 quilômetros de Boa Vista – chegou ao IML (Instituto Médico Legal), na Capital, somente 26 horas e 20 minutos após o ocorrido. Segundo a assessoria de comunicação da Sesp (Secretaria de Segurança Pública) o caso deve ser apurado.
O crime, segundo agentes da delegacia de São João da Baliza, só chegou ao conhecimento daquela delegacia por volta das 22 horas, mesmo horário em que o acontecido foi comunicado aos servidores do Instituto de Criminalística e IML.
“Não sei por que demoraram tanto para fazer essa remoção, uma viagem daqui para lá demora, no máximo, quatro horas e meia”, questionou uma amiga da família, a agricultora I. S. N., 52 anos, responsável pela liberação do corpo do jovem.
Pouco se sabe a respeito do que realmente motivou o crime. “Às 16 horas, o pai dele saiu do lote e deixou Lenilson na companhia de um dos irmãos mais novos. Três horas depois, estávamos todos numa festa de aniversário quando estranhamos um movimento intenso de policiais militares dirigindo-se em direção às vicinais. Foi quando, então, soubemos o que realmente havia ocorrido”, lembrou I.
Além do irmão, segundo apurou a Folha, acompanhava a dupla um amigo deles, principal suspeito do crime, identificado por Raniel Macedo Segantini, de 19. Segundo a testemunha, vítima e acusado iniciaram uma discussão por motivo fútil, quando Raniel teria se armado com uma espingarda e disparado contra Lenilson. O acusado teria fugido em seguida.
O corpo, já em estado de putrefação, somente chegou à Capital no início da noite de sexta-feira, dia 26. “Havia um médico de plantão, mesmo assim deixaram para fazer o exame somente hoje [no sábado, 27] pela manhã”, explicou I., que recebeu o corpo na manhã de sábado, 41 horas após o ocorrido.
PRISÃO – Por telefone, o delegado Cid Guimarães, que além do Baliza, também é responsável por Caroebe, São Luiz do Anauá e Rorainópolis, conversou com a Folha.
“Após diligências, o suspeito foi preso na vicinal 35, localidade de Serra Talhada. Ele não explicou o motivo e disse que deve se pronunciar somente em juízo”, explicou.
SESP – Sobre a perícia, o diretor adjunto do IML, Gilberto Paiva, explicou que necropsia é um procedimento cirúrgico e, portanto, requer toda cautela para elucidar dúvidas para a Justiça. “Desta forma, a ciência médico legal preconiza que os exames devem ser feitos à luz do dia, com perito atento a todos os detalhes com autonomia para tanto. E é padrão, que exames que cheguem à noite sejam feitos pela manhã”, explicou.