O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo de Tarso Sanseverino, determinou neste sábado, 8, que a campanha de Lula (PT) retire a propaganda que associa Jair Bolsonaro (PL) ao canibalismo. O PT também está proibido de divulgar novas propagandas com o mesmo teor.
Em sua entrevista ao The New York Times, em 2016, Bolsonaro descreveu seu interesse de participar de um ritual de indígenas em Roraima, mesmo que tivesse de ingerir carne humana, em respeito à cultura local.
O vídeo com a fala polêmica é verdadeiro e está disponível no YouTube desde 2016. A entrevista foi dada ao jornalista Simon Romero do New York Times.
A campanha de Lula usou a fala de Bolsonaro sobre consumir carne humana. A campanha do presidente não gostou e acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impedir a veiculação do vídeo.
Mentiras e Desinformação
O yanomami Junior Hekurari, presidente do Condisi (Conselho do Distrito Sanitário Indígena) Yanomami, disse que ficou indignado quando assistiu à gravação.
“Nós, Yanomami do Surucucu, não somos canibais, nunca tivemos isso. Não tem um relato [sobre isso]. Nem relatos ancestrais nem atuais. Esse presidente não tem respeito com o ser humano. Ele inventa da cabeça, porque não tem preocupação com o Brasil. No Sucurucu tem pelotão do Exército e tem parceria boa com os Yanomami. Isso de ‘comer indígena’, isso não existe.”
Hekurari disse ter conhecimento de que um grupo indígena Yanomami, já localizado na Venezuela e conhecido como Xamathari, pratica o ritual fúnebre de cremar o corpo, o que pode durar dias ou semanas, triturar e pulverizar os ossos e, por fim, misturar as cinzas, já bastante pulverizadas e em pequenas quantidades, como se fosse sal ou pimenta, a um caldo de banana, que somente então é consumido pelos familiares do morto.
Mas esse ritual não prevê o consumo da carne humana e só ocorre eventualmente, “com algumas pessoas, geralmente pessoas muito importantes na comunidade”. Nos rituais fúnebres realizados na região de Surucucu, de acordo com Hekurari, as cinzas são enterradas, e não consumidas com a banana.
FONTE: Agência Pública