Cotidiano

Representantes de presidenciáveis discutem sobre demandas após 2° turno

Entrevista ao programa Agenda da Semana deste domingo gerou discussões sobre os principais temas para o desenvolvimento de Roraima

Garimpo, relação diplomática e demarcação de terras indígenas foram as principais pautas da entrevista com o representante pró-Bolsonaro, Haroldo Amoras, e o coordenador estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Fábio Almeida, no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 100,3 fm deste domingo, 16.  

Com a aproximação do segundo turno das Eleições 2022 em que os eleitores voltarão às urnas para escolha do presidente da República, cargo em disputa pelo candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) e pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o Agenda da Semana reuniu os representantes das vertentes políticas para debater sobre os possíveis desdobramentos para Roraima de pautas com a reeleição de Bolsonaro ou a vitória de Lula.

O primeiro assunto apresentado pelo economista e condutor do programa, Getúlio Cruz, foi garimpo em terras indígenas. Para Fábio Almeida, o retorno de Lula à presidência representará cumprimento da Constituição Federal. “Quando se fala de garimpo, precisamos entender que garimpo em Terra Indígena é crime (…) ou respeitamos o que está na Constituição ou abrimos mão dela”, disse.

Dos malefícios gerados pela extração de minérios de forma ilegal, Almeida fez os seguintes apontamentos: perdas de vidas, disseminação da base alimentar dos indígenas como a caça e a pesca, impacto ambiental, contaminação das águas e alteração no curso dos rios e o abandono das instituições públicas.

“Não podemos achar normal que organizações criminosas gerenciem garimpos em Roraima”, e alegou que os mais beneficiados com a atividade são os donos de empresas, não quem trabalha direto na extração. Almeida explicou que o candidato Lula pretende combater o garimpo em terras indígenas e organizar as instituições de fiscalização.

Já o representante pró-Bolsonaro, Haroldo Amoras, contextualizou a exploração mineral e os interesses dos grandes potencias como a União Europeia e os Estados Unidos, principalmente quando relacionada a atividade com as mudanças climáticas no Mundo. Lembrou que na década de 1970, houve no antigo Território de Roraima o movimento garimpeiro em busca da cassiterita. Em 1990, o Governo Federal foi pressionado por movimentos ambientalistas e ecológicos para combater o garimpo na região.

Na época, cresceu o número de migrantes em busca de minério e, com isso, mudanças sociológicas como o aumento de pessoas na periferia, da prostituição e problemas ambientais, inclusive na fronteira com a Venezuela. “Tem que se encontrar uma solução mais adequada para trazer um certo equilíbrio no que diz respeito aos danos”, disse Amoras.

O segundo assunto tratado com os entrevistados foi a relação econômica e política entre o Brasil e países como a Venezuela e a Guiana. Getúlio Cruz exemplificou o andamento da obra da estrada que interligará Boa Vista a Georgetown, capital da República Federativa da Guiana. Algo possível, segundo contou, após Jair Bolsonaro cortar relações com a Venezuela.

Fábio Almeida rebateu. “Não podemos esquecer que os protocolos de intenção de asfaltamento foram assinados no governo lula. Esse interesse agora se deu em decorrência do petróleo. Nunca entrou para querer interferir em nações”, e discordou das narrativas dos adversários em usar a relação do candidato com o Governo venezuelano.

Questionado sobre a possibilidade da volta de Lula estremecer os acordos entre Brasil e a Guiana por causa da Venezuela, Fábio Almeida enfatizou. “Eu não vejo problema algum retomarmos relações diplomáticas com a Venezuela”, complementou.

Haroldo Amoras divergiu. Para ele, o Brasil perderá com o retorno desta união. “Será fator de desequilíbrio (…) afetará as relações geoeconômicas e que são de natureza geopolítica”, e que se for para escolher qual relação manter com Lula, a escolha será pela Venezuela.

No assunto, e com convite em aberto aos entrevistados em decorrência da complexidade e do tempo a ser usado, falou-se sobre a possibilidade ou não para demarcação de terras indígenas em Roraima. Fábio Almeida ressaltou que se houver a necessidade, o Estado (Governo Federal) terá que discutir e cumprir com as determinações. “Não se pode negar o direito de discutir a demarcação de terras indígenas”.

Para Haroldo Amoras, a demarcação é a militância dos não-indígenas como as ONGs (Organizações Não-Governamentais) que estão dentro das comunidades indígenas. “Realmente vão criar dificuldades e que se for no Governo Lula eles sabem que isso vai avançar”, explicou. Ele complementou que para discutir sobre isso é preciso levar em consideração a situação etnográfica, antropológica e econômica.