A construção do Linhão de Tucuruí, que conectará Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), começou na semana passada e irá durar 36 meses. A linha terá 721 quilômetros de extensão, operando em 500 kilovolts, circuito duplo, da Subestação Boa Vista, na zona rural da capital roraimense, até a Subestação Eng. Lechuga, no Amazonas. Além das duas subestações, será implantada também uma subestação seccionadora (SE Equador) no Município de Rorainópolis.
Dentre os benefícios apontados pelo consórcio Transnorte Energia, estão: interligação de Roraima em fibra óptica, aumento da confiabilidade, aumento da qualidade, mais segurança energética, redução do consumo de óleo diesel, redução de emissões de CO2, fomento à atividade econômica, geração de emprego e renda, comercialização de energia no mercado livre, redução da Conta de Consumo de Combustível (CCC) e possibilidade de escoamento de 700 megawatts provenientes de usinas hidrelétricas inventariadas em Roraima para o restante do SIN.
Para o analista socioambiental do Instituto Socioambiental e integrante do Fórum de Energias Renováveis, Ciro Campos, a construção da linha de transmissão é positiva por ajudar na segurança energética e permitir exportações de energia. Por outro lado, gerará impactos, pois com a instalação das torres, dos canteiros e estradas de acesso, haverá desmatamento, além da escavação e movimentação de solo, e da circulação de centenas de pessoas e veículos pesados.
“Além disso, o linhão não precisa vir acompanhado da hidrelétrica do Bem Querer. Roraima pode exportar energia gerada pelo sol, vento e biomassa, criando riqueza e empregos aqui, em vez de exportar energia gerada em Bem Querer para ajudar Manaus e o Sistema Interligado. Essa hidrelétrica não foi desenhada para oferecer segurança energética para Roraima, e ainda deixaria de herança para o nosso Estado o prejuízo colossal causado pelo barramento de nosso principal rio”, opinou.
Em viagem ao Estado para visitar o canteiro de obras do Linhão de Tucuruí, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou que a redução da CCC significará uma queda na conta de luz do roraimense. “Ela é uma conta dividida entre todos os brasileiros. Quando você acaba com a CCC, esse extra que é cobrado na sua conta diminui também, melhora para todo mundo”, disse.
Entretanto, para o consultor do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Ricardo Lima, ainda é cedo afirmar se a conta de energia paga pelo roraimense vai aumentar ou diminuir com a interligação do Estado ao SIN.
“É difícil fazer uma estimativa. Hoje, a Roraima Energia recebe um subsídio da CCC pela diferença com a geração de energia [pelas termelétricas] para reduzir a tarifa. Com a interligação, o que diminui é a CCC de Roraima, que é dividida entre os consumidores de todo o País, mas o impacto sobre o consumidor roraimense pode ser negativo, do ponto de vista que ele pode ter um aumento na tarifa”, comentou, acrescentando que, no seu entendimento, o consumidor local não paga pela CCC atualmente por não estar interligado ao SIN.
Com a interligação, a Conta de Consumo de Combustível devida à Roraima Energia vai diminuir na proporção em que deixará de consumir óleo diesel nos motores dos geradores que operam nos parques do Estado, e a distribuidora pagará pelo custo de transmissão de energia, o que será repassado ao consumidor.