Termo de apreensão do arsenal apreendido na casa do ex-deputado Roberto Jefferson no domingo, 23, indica que o ex-presidente do PTB possuía mais de 7,6 mil cartuchos de munição, de diferentes calibres, em sua casa em Levy Gasparian – onde foi preso em flagrante por tentativa de homicídio de quatro agentes da Polícia Federal. A PF também coletou dois coletes balísticos, uma pistola 9mm e dois simulacros de arma – equipamentos ‘de brinquedo’ -, além do fuzil usado pelo ex-parlamentar para disparar 50 vezes contra os agentes da corporação.
A lista de objetos confiscados durante a operação de domingo foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal com uma série de documentos relativos à diligência executada no interior do Rio – os depoimentos dos quatro agentes que tentavam cumprir mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes; o relato do agente que fez a negociação para que Jefferson se entregasse; o despacho da PF com o relatório sobre a ofensiva na casa do ex-deputado; e o termo da audiência de custódia de Jefferson.
Ao todo, constam três termos de apreensão dos autos remetidos ao Supremo: um que descreve os 7.697 cartuchos encontrados na casa de Jefferson; outro que cita o fuzil e dois carregadores com 59 munições calibre 556, entregues aos policiais pelo padre Kelmon (ex-candidato a vice em chapa com Jefferson); e ainda um documento que lista materiais encontrados próximos à viatura alvejada pelo ex-deputado.
Segundo o documento da PF, as munições e objetos apreendidos na casa de Jefferson incluem:
– 38 caixas de munições calibre 9mm contendo 50 cartuchos cada
– 1 caixa de munições calibre 9mm contendo 30 cartuchos cada
– 3 caixas de munição calibre 9mm com 20 cartuchos cada
– 1 caixa de munições calibre 9mm contendo 46 cartuchos cada
– 1 caixa de plástico com 5 cartuchos de munição calibre 9mm e 14 cartuchos de calibre 38
– 10 caixas de munição calibre 12 com 25 cartuchos
– 7 caixas de munição calibre 22 com 50 cartuchos cada
– 3 recipientes lacrados de munição calibre 22 com 300 cartuchos cada
– 1 pote lacrado com munições calibre 22 com 300 cartuchos
– 8 caixas de munições calibre 38 contendo 50 munições cada
– 9 cartelas munição calibre 38 com 10 cartuchos cada
– 52 caixas de munições calibre .45, contendo 50 munições cada
– 29 cartelas de munição calibre 45 alto com 10 cartuchos cada
– 1 caixa de plástico com 67 cartuchos de munição de calibre 45
– 1 caixa de munição calibre 357 mag com 25 cartuchos
– 260 munições calibre 556
– 11 cartelas de munição calibre 557 com 10 em cada
– 1 pistola calibre 9mm
– 1 simulacro de pistola Glock 9mm e um simulacro de fuzil
– 4 carregadores de pistola Glock calibre 45
– 4 coldres de pistola
– 4 coldres de carregador pistola
– 2 coletes balísticos
– Aparelho Dvd, 29 pen drive, um dvd, um hd externo
– Passaporte de Jefferson
– 1 celular
– Documentos manuscritos rasgados
– Bloco com inscrição Brasil
– Caderno
– Pasta com vários documentos de armas
Já o documento sobre os itens coletados por agentes perto da viatura que foi alvejada por Jefferson cita alguns cartuchos, sangue dos agentes que ficaram feridos durante a operação, lacres e fragmentos das granadas que o ex-deputado jogou contra a PF. O relatório também descreve munições encontradas no telhado ao lado da residência do petebista e dentro da casa.
A ordem que mandou Roberto Jefferson de volta à prisão foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes no sábado, 22, após o ex-deputado descumprir, várias vezes, medidas cautelares que lhe foram impostas como condicionais à prisão domiciliar que cumpria desde janeiro. A decisão se deu um dia após de Jefferson divulgar, nas redes sociais da filha, vídeo em que ataca a ministra Cármen Lúcia em razão de um voto por ela dado em um caso em tramitação no Tribunal Superior Eleitoral.
Quatro agentes da Polícia Federal no Rio compareceram à casa do ex-deputado no interior do Estado no domingo, 23, para cumprir a medida. No entanto, Roberto Jefferson resistiu à prisão e disparou 50 tiros e jogou três granadas contra os policiais. Uma agente e um delegado foram feridos por estilhados dos explosivos arremessados por Jefferson. A prisão foi executada no início da noite de domingo, 23, após uma negociação que gerou desconforto entre delegados da Polícia Federal.
Em depoimento, os quatro policiais que participaram da diligência relataram a abordagem a Jefferson. Para o delegado ferido pelo ex-deputado, o ex-presidente do PTB ‘aguardava a polícia federal e agiu de forma premeditada e com intenção de matar os policiais’.
Já o agente que negociou com Jefferson – e teve a conduta questionada por delegados após dizer ao investigado ‘O que o senhor precisar a gente vai fazer’ – narrou que ‘tinha conhecimento que na casa havia mais armamento e munição do que a que foi entregue, razão pela qual optou por negociar sem confronto’.
O ex-deputado também prestou depoimento à PF, no qual alegou que ‘não atirou para machucar’ os policiais. “Se quisesse, matava os policiais, pois estava em posição superior e com fuzil de mira”, disse. Na oitiva, o petebista alegou ter cerca de 20 armas, guardados em um cofre de hotel em Brasília.
Jefferson acabou indiciado por quatro tentativas de homicídio. A avaliação da PF é a de que ele ‘minimamente aceitou o risco’ de matar policiais federais ao disparar mais de 50 vezes e lançar as três granadas contra a equipe que foi até Levy Gasparian. A corporação chegou a citar ‘motivação torpe’ de Jefferson, em razão de o político ter externado que o ‘motivo da reação foi a discordância em relação ao mérito da decisão judicial’.
Na segunda-feira, 24, o ex-deputado passou por audiência de custódia, que manteve a prisão em flagrante. Durante a audiência, o ex-presidente do PTB voltou a atacar a ministra Cármen Lúcia o ministro Alexandre de Moraes, sustentando ter pedido desculpas aos policiais contra quem arremessou granadas e atirou com fuzil. Agora, Jefferson está custodiado em Bangu 8.
Fonte: Estadão Conteúdo