Manifestantes querem manter ato em RR até obter ‘intervenção federal’

Maioria foi ao protesto vestida de verde e amarelo e levou a bandeira do Brasil. Alguns contrariaram a orientação e foram vestidos alusivamente a Bolsonaro

O grupo de eleitores de Jair Bolsonaro (PL) insatisfeitos com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais mantém pelo segundo dia, em frente à primeira Brigada de Infantaria de Selva, o protesto contra o resultado das urnas.

Eles trocaram o discurso golpista de “intervenção militar” com relação errônea ao artigo 142 da Constituição Federal para “intervenção federal”. Havia algumas placas pela via em frente ao quartel, a avenida General Sampaio, no bairro Marechal Rondon, estampando “intervenção federal: art. 142”.

Logo após a Folha registrar duas das placas instaladas na grade do quartel, uma mulher pediu para uma criança retirá-las.

Ao longo do ato, os manifestantes executavam hinos do Brasil, da Independência e do Exército. A maioria foi ao protesto vestida de verde e amarelo e levou a bandeira do Brasil. Alguns contrariaram a orientação e foram vestidos alusivamente a Bolsonaro.


Carros estacionados às margens da avenida Brasil faziam referência a Bolsonaro (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

No trio elétrico em frente à brigada, na noite desta terça-feira (2), um pastor orientava os manifestantes que desejavam discursar para que não usassem o microfone para atacar as instituições e não fazer referências a políticos e partidos, para “não invalidar” o protesto.

“Estamos aqui para defender a nossa família, a nossa liberdade. Estamos aqui para pedir socorro às Forças Armadas”, discursou. “O poder emana do povo. E quem autoriza o Exército é o povo”, completou, sob gritos dos manifestantes. “A nossa manifestação é pacífica, pela liberdade, pelo Brasil”.

Apesar da orientação, um homem disse, logo em seguida à multidão, sem citar Lula, que “não vamos aceitar que esse cidadão governe nosso país”, e chamou o presidente eleito de “vagabundo, condenado e corrupto”.

“A gente quer intervenção federal para que os militares tomem conta, façam alguma coisa pelo nosso País, pois não queremos entregar ele para um bandido. Não aceito [a eleição de Lula]. Pode ser para qualquer outro, menos pra ele”, disse à Folha a comerciante Djanira Feitosa, de 46 anos.

Ao longo desta quarta, havia desde água e frutas até costelão sendo distribuídos gratuitamente pelo ato. A manifestação, que não têm uma coordenação definida, pode continuar.

Um manifestante foi ao microfone para pedir apoio de empresários para que o protesto seja mantido nessa quinta-feira (3). A ideia é que o ato continue até que consigam a “intervenção federal”. Enquanto ele discursava, já ecoava pelo Brasil o elogio de Bolsonaro às manifestações pelo País, a reprovação do presidente aos bloqueios nas rodovias federais e a sugestão para que os atos fossem em outro lugar.

Os organizadores não divulgaram estimativa de público, mas a quantidade de manifestantes tomou conta da avenida General Sampaio, desde o início do acesso do quartel para quem passa pela avenida Brasil (BR-174), até o portão principal da brigada, onde havia a maior concentração de pessoas.

Na BR-174, manifestantes ocuparam o acostamento e uma faixa da via, deixando apenas um corredor para a passagem dos veículos. A concentração de pessoas na rodovia e os carros estacionados deixou o trânsito lento em todo o entorno, principalmente na avenida Centenário, onde condutores ainda deixavam o cemitério em virtude do Dia de Finados.