A juventude é uma fase marcada pela agitação, inquietação e experimentação em todas as esferas da vida, incluindo a busca por um emprego. Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem percebido uma tendência cada vez maior entre a população jovem: o chamado “job hopping”, em que as pessoas mudam voluntariamente de trabalho com uma grande frequência. O “pular de emprego”, em tradução livre, é um movimento que tem crescido especialmente entre a geração Z, a população nascida depois de 1996.
E os dados comprovam esse cenário. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, quase 25% dos jovens entre 18 e 24 anos, cerca de 2,47 milhões, permanecem dentro de uma empresa por pouco menos de três meses. Outros 24,1% (2,40 milhões) ficam de um a dois anos no mesmo emprego.
A nível de comparação, entre os trabalhadores mais velhos, na faixa etária de 50 a 64 anos, mais de 41% (4,2 milhões) ficam 10 anos ou mais na mesma empresa.
O job hopping é mais um fenômeno do mercado de trabalho que tem surgido nos últimos tempos, acompanhado da demissão silenciosa e da grande demissão, as quais demonstram a necessidade de uma transformação nas relações de trabalho na contemporaneidade.
Quais os motivos por trás do job hopping?
A mudança frequente de emprego está diretamente relacionada a questões geracionais, que envolvem o cenário econômico atual e a busca por qualidade de vida e prazer no trabalho pela população mais jovem.
Outras gerações, como aquela formada pelas pessoas nascidas na década de 80, foram desde cedo inseridas em um contexto marcado pela instabilidade econômica. De acordo com o professor da FGV, Marco Tulio Zanini, a falta de perspectiva de um futuro melhor fez com que essas pessoas passassem a procurar carreiras mais estáveis, com empregos em que pudessem permanecer até a aposentadoria.
Atualmente, com o crescimento da economia e a ampliação da oferta e do acesso a recursos e vagas profissionais, as pessoas passaram a priorizar outras questões para além da estabilidade na procura por um emprego. Entre elas, está a qualidade de vida.
A população mais jovem frequentemente busca vagas e empresas que permitam uma maior flexibilidade na rotina de trabalho, de modo a equilibrar a vida profissional com atividades de lazer e gostos pessoais, além de desejar uma carreira que lhes conceda uma maior perspectiva financeira.
Sem contar o desejo por autonomia no trabalho e de enfrentar novos desafios profissionais, para assim não estagnar a trajetória de suas carreiras.
Efeitos da pandemia
Apesar de ser um movimento que surgiu antes da pandemia de Covid-19, ele definitivamente aumentou durante esse período.
A fragilidade e a insegurança colocadas pela crise sanitária fizeram com que muita gente, em especial os jovens, começassem a buscar novas formas de conduzir suas vidas pessoais, o que inclui a sua relação com o trabalho.
Essas pessoas passaram a procurar novas oportunidades de emprego que se adequassem aos seus desejos de uma vida e rotina profissional mais flexível, como as vagas de trabalho em empresas modernas e em regime de home office, que cresceram exponencialmente durante a pandemia.
Por um lado, as mudanças frequentes de emprego podem auxiliar o jovem a compreender seus desejos e suas necessidades profissionais, mas por outro podem ser um empecilho na hora da contratação, já que diversos recrutadores podem ficar inseguros em contratar alguém que ficou pouco tempo nos empregos anteriores.
Mas, ao mesmo tempo, trocar de emprego confere uma experiência que pode ser importante na hora do processo seletivo. A passagem por diversos contextos corporativos torna o profissional mais preparado para se adequar a uma nova cultura empresarial. Na busca por empregos em SP e em outras cidades, além de postos de trabalho remoto, por exemplo, os job hoppers podem ter maiores chances de conseguir um emprego que corresponda às suas necessidades.