A investigação de um esquema de corrupção e fraudes em convênios com diversas prefeituras de Roraima, como a de Boa Vista, começou em 2017. A informação é do delegado da Polícia Federal (PF), Jean Navarro, que chefia a apuração baseada no Relatório de Produção de Conhecimento, do TCU (Tribunal de Contas da União).
Nesta quarta-feira (23), a PF cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, no âmbito da Operação Imhotep, para investigar o esquema que teria sido realizado entre 2012 e 2017. O ex-senador Romero Jucá é um dos suspeitos de envolvimento no caso. O documento do TCU, de 2017, apontou as maiores recebedoras de recursos do Programa Calha Norte em Roraima.
“E a partir disso, foram apontadas as principais empresas que tinham alertas de possíveis irregularidades, com a análise desses convênios, processos licitatórios”, pontuou, em entrevista exclusiva à Folha. “Quando foram fazer a análise dessas licitações e convênios, encontraram irregularidades, indícios que apontavam para possível cometimento de alguns crimes, sobretudo, de fraude em licitação. Esse foi o cenário, no qual a investigação iniciou”.
Segundo Navarro, a apuração apontava a soma de R$ 30 milhões em contratos. “Esse valor foi crescendo ao longo dos anos e chegou a passar os R$ 200 milhões em contratos. Não significa que eles receberam todo esse valor, mas que o contrato previa que ao término da execução, seria devido esse montante total para as empresas quando fosse concluída a execução desse serviço”, explicou.
O delegado avalia como “positiva” o cumprimento dos mandados nesta quarta-feira, também em Brasília e São Paulo, onde algumas das empresas investigadas possuem sócios. Mais de 70 policiais trabalharam na operação só em Roraima. “Foram encontrados elementos que corroboram as teses que estavam sendo investigadas. Foram localizados indícios de vínculos entre as empresas, vínculos entre os investigados e servidores públicos. Houve também a colheita de depoimentos que apontam no sentido das hipóteses criminais que foram apontadas durante a investigação”, disse.
Por fim, as provas colhidas nesta quarta podem ajudar a ampliar a investigação. “É possível que, dentro do acervo probatório colhido, surjam indícios de provas e outros crimes que, às vezes não tão relacionados, e que podem dar ensejo a instauração de outros inquéritos policiais ou possam aprofundar essa investigação e trazer novos colaboradores que participaram da execução do crime ou que integraram a organização criminosa. Tudo isso vai ser possível afirmar somente depois quando houver a análise do material apreendido”, explicou.