A venda da refinaria de Manaus, da Petrobras para o grupo Atem, mudou a referência de preço para os distribuidores que compram combustíveis da destilataria de petróleo. Com isso, os postos de combustíveis e os clientes não sentirão o efeito das reduções nos preços da gasolina e do óleo diesel que passam a valer nesta quarta-feira (7).
A informação foi repassada em comunicado enviado pelos distribuidores aos postos da região e confirmada à Folha pelo presidente do Sindipostos-RR (Sindicato dos Postos de Combustível de Roraima), João Victor Kotinski.
“Como o grupo Atem assumiu a Reman, agora a gente não se baseia mais por essas reduções da Petrobras. A gente depende única e exclusivamente que a Reman faça alguma redução ou reajuste, se for o caso, para que a gente possa repassar aos nossos consumidores. Amazonas e Roraima estão balizados por uma refinaria 100% privatizada”, disse.
A Folha tentou contato com a gerência comercial do grupo Atem, mas sem sucesso.
Conforme levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) feito entre 27 de novembro e 3 de dezembro, a gasolina comum emendou a quinta semana seguida com o mesmo preço médio em Roraima, R$ 5,25, enquanto a aditivada subiu dois centavos, a R$ 5,33 – sexta e sétima mais caras do País, respectivamente.
Por sua vez, o diesel convencional foi vendido a R$ 7,05 nas bombas, enquanto o diesel S10, R$ 7,13 – respectivamente, são os segundo e terceiro mais caros do Brasil. Desde outubro, o preço local oscila na casa dos sete reais.
Privatização
Sob o Governo Bolsonaro, a privatização da refinaria foi concluída no último dia 30. Apenas um dia depois, o grupo Atem anunciou o reajuste do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) após identificar defasagem de preço no Amazonas. Na prática, o gás de cozinha em Roraima passou a ficar 93 centavos por quilo mais caro.
A Petrobras recebeu 257,2 milhões de dólares pela operação, aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A privatização virou alvo de questionamento na Justiça pelo Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas), que alega monopólio do combustível na região, tendo como consequência o aumento de preços. A venda também ignora o pedido da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).