Durante o lançamento do documentário Eu, de Ludmila Dayer, Anitta revelou que foi diagnosticada com o vírus Epstein-Barr, conhecido como causador da “doença do beijo”. Segundo a cantora, ela passou “pelo momento mais difícil da vida” quando a infecção foi confirmada.
O documentário foi produzido pela atriz Ludmilla Dayer, que contou a luta travada contra a esclerose múltipla – doença que, segundo ela, foi causada pelo vírus. De acordo com Anitta, conviver com Ludmilla foi fundamental para que ela tivesse o diagnóstico precocemente.
Segundo André Bon, infectologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), o Epstein-Barr é um vírus muito comum, geralmente transmitido na juventude por contato direto com as secreções – na maioria das vezes pela saliva de pacientes contaminados.
O vírus é o causador da mononucleose infecciosa, também conhecida como a “doença do beijo”. Apesar do nome popular, não é apenas o beijo que pode transmiti-lo: objetos como escova de dente, copos ou talheres compartilhados com uma pessoa infectada também.
“Na imensa maioria das vezes pode passar assintomático. Mas quando gera algum tipo de sintoma, o mais comum e mais frequente disparadamente, são os sintomas de uma doença chamada síndrome de mononucleose, que é basicamente uma febre, dor no corpo, dor de cabeça, associada ao aumento dos gânglios e que pode durar algumas semanas.”
Segundo o Ministério da Saúde, a doença pode causar:
febre alta;
dor ao engolir;
tosse;
dor nas articulações;
inchaço no pescoço;
irritação na pele;
amigdalite;
fadiga;
Inchaço do fígado.
A doença ganhou fama por aparecer com maior frequência em grandes cidades, principalmente durante o carnaval. Ela costuma atingir pessoas entre 15 e 25 anos, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com Bon, a mononucleose é uma doença autolimitada. Ou seja, que tem um decurso específico e limitado, com começo, meio e fim. “Não existe medicamento específico para tratar o Epstein-Barr. As vezes ela pode levar a uma certa fadiga durante um tempo, mas o paciente costuma ficar muito bem”, afirma o médico.
Seu período de transmissibilidade pode durar um ano ou mais. Passada a infecção, o vírus se torna inativo no corpo do paciente, podendo ser reativado em alguns casos. O médico, no entanto, alerta para as doenças que podem estar relacionadas ao vírus.
“Em pacientes imunossuprimidos, por exemplo, ele está relacionado a alguns linfomas no sistema nervoso central, como em pacientes transplantados de órgão sólido, ou pacientes com HIV. Mas não existe um tratamento específico para o Epstein-Barr. É um manejo desse linfoma primário do sistema nervoso central”, explica.
Conforme o Ministério da Saúde, a maioria dos contaminados se curam em poucas semanas. Mas há uma pequena parcela que leva meses para recuperar seus níveis de energia, com um estado de fadiga prolongado.
Esclerose múltipla
A atriz Ludmila Dayer afirma que o vírus Epstein-Barr foi o responsável pelo desenvolvimento de esclerose múltipla – doença crônica em que o sistema imunológico agride a bainha de mielina que recobre os neurônios, comprometendo a função do sistema nervoso. Essa relação entre o vírus e a esclerose é estudada há anos pelos cientistas.
“A relação com a esclerose é muito controversa. A evidência ainda é escassa. É um estudo com essa associação. E não dá pra dizer que esse vírus necessariamente causou a esclerose múltipla ou causa a esclerose múltipla necessariamente porque ele é um vírus muito comum na população e a esclerose múltipla tem uma frequência muito menor”, esclarece o infectologista André Bon
Em janeiro, um estudo realizado por cientistas da Universidade Harvard forneceu a evidência mais forte sobre esta relação até o momento. A pesquisa foi feita com mais de 10 milhões de militares e mostrou que praticamente todos os casos de esclerose aconteceram após uma infecção pelo vírus, o que torna a infecção pelo Epstein-Barr uma das hipóteses estudadas, mas as causas da doença ainda são desconhecidas.
Fonte: Correio Brasiliense