Política

Lula anuncia cinco nomes para ministérios do novo mandato

Fernando Haddad, Rui Costa, José Múcio Monteiro, Flávio Dino e Mauro Vieira passam a integrar oficialmente a equipe de ministros do terceiro governo do petista

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira, 9, titulares de cinco ministérios. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad comandará a Fazenda; o governador da Bahia, Rui Costa, irá para a Casa Civil; o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro ficará à frente da Defesa; o senador eleito Flávio Dino será ministro da Justiça e o embaixador Mauro Vieira, o novo chanceler.

Lula decidiu antecipar em alguns dias o anúncio dos ministros para solucionar impasses com a Câmara, com as Forças Armadas e, ainda, para acalmar o mercado financeiro. “Espero que Haddad fale sobre mercado, mas também fale das necessidades do povo”, disse Lula ao anunciar o nome do petista para comandar a equipe econômica.

Ainda nesta sexta-feira, 9, José Múcio Monteiro, futuro titular da Defesa, deve se reunir com Lula e os nomes dos militares que formarão a cúpula das Forças Armadas. O general Julio Cesar de Arruda deve ser o comandante do Exército; o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno, da Aeronáutica; e o almirante Marcos Sampaio Olsen, da Marinha. No Exército e na FAB, foram escolhidos os mais antigos. Na Marinha, a indicação recaiu sobre o segundo há mais tempo na carreira. O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas será o almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire.

A escolha foi antecipada porque Lula recebeu a informação de que os atuais titulares das Forças deixarão os cargos ainda neste mês, como mostrou o Estadão. O fato obrigou o presidente eleito a agir rápido para evitar uma crise militar no início do governo.

Polícia Federal e Segurança Pública

Agora indicado formalmente ao cargo, Dino defendeu a indicação do delegado Andrei Rodrigues para assumir a Diretoria Geral da Polícia Federal (PF). Ele foi o responsável pela segurança de Lula durante a campanha eleitoral e também da ex-presidente Dilma Rousseff em 2010.

“Levamos em conta, sobretudo, a necessidade de restauração da plena autoridade e legalidade das policias, também a experiência profissional, inclusive na Amazônia brasileira, uma área estratégica para esse governo e para a segurança pública. E participou do principal, diálogo com Estados e municípios. Participou da preparação da Copa e Olimpíada”, disse Flávio Dino.

Lula afirmou que pretende desmembrar a pasta da Justiça e Segurança Pública. A discussão sobre o futuro desse ministério é um dos pontos de maior divergência no grupo de trabalho da transição que trata da área. Dino defende a manutenção da estrutura ministerial como está prevista atualmente.

“Nós temos o interesse de criar o Ministério da Segurança Pública, mas a gente não pode fazer as coisas de forma atabalhoada. O companheiro Flávio Dino tem a missão, primeiro, de consertar o funcionamento do Ministério da Justiça, de consertar o funcionamento da Polícia Federal”, afirmou Lula.

“Nós queremos que as carreiras de Estado sejam carreiras de Estado. Não queremos que policiais fiquem dando shows nas investigações antes de investigar. Queremos que as pessoas tratem com seriedade as investigações. Nós sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária. Então, nós vamos primeiro arrumar a casa e depois vamos começar a trabalhar a necessidade de criar o Ministério da Segurança Pública”, afirmou.

Mulheres e negros

Logo no início do pronunciamento, Lula buscou se blindar de criticas pela falta de diversidade racial e de gênero na primeira leva de indicados aos Ministérios. O petista, que se recusou a garantir durante a campanha se teria paridade entre homens e mulheres no comando, disse nesta quarta que os futuros indicados às pastas serão mais representativos dos diferentes grupos sociais. “Vai chegar a hora em que vocês vão ver mais mulheres e mais companheiros afrodescendentes em pé aqui”, disse Lula.

Lula disse que o governo vai apresentar um balanço do que foi deixado por Bolsonaro. O presidente eleito disse que encontrou um “um governo com o corpo muito grande e a cabeça muito pequena”. “É um governo que não preparou administração desse País, um governo que preferiu falar e não conseguiu resolver os problemas que é preciso”, comentou Lula.

O balanço final da equipe de transição deverá ser conhecido no dia 20 ou 21 de dezembro. “Eu espero que a gente consiga recuperar aquilo que é o sonho da sociedade brasileira. Nós não temos o direito de frustrar a expectativa de uma grande parcela da sociedade, que estava precisando de ar de novo, de ar puro para que a gente possa respirar mais democracia, mais salário, mais emprego, mais educação, mais saúde e mais liberdade de expressão e comunicação.”

Fonte: Estadão Conteúdo