O Parque Rio Branco está mais colorido do que nunca. Isso porque um novo grafite foi pintado no local. Na tarde desse sábado, 10, um grupo de 12 meninas e mulheres refugiadas e migrantes da Venezuela, conduzidas pela artista Diana Afronativa, pintaram um muro de oito metros no local. A mensagem desenhada é pelo fim da violência contra a mulher.
A iniciativa foi organizada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com apoio da Prefeitura de Boa Vista e do comando da Operação Acolhida, como ato final da Campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas de 2022. A campanha teve início no dia 20 de novembro (dia da Consciência Negra) e terminou justamente no sábado, 10 de dezembro (dia Internacional dos Direitos Humanos).
“A arte em espaços públicos é fundamental para promover artistas locais e tem impacto significativo na paisagem urbana, além de colaborar na promoção de direitos humanos. A ação realizada no sábado encerra a campanha dos 21 dias de Ativismo, mas também dá oportunidade para que as mulheres artistas deixem marcado no Parque Rio Branco que toda a sociedade deve se unir pelo fim da violência”, diz Igo Martini, chefe de escritório do UNFPA em Roraima.
“Eu adorei participar, porque eu gosto muito de pintar, gostei de conhecer as pessoas e de estar no Parque Rio Branco pela primeira vez. Além, é claro, de pintar sobre as mulheres. Eu estou com um sorriso estampado no rosto que ninguém conseguirá tirar.”, conta Eleannys Hernandez, migrante venezuelana de 21 anos que participou da atividade.
A oficina de grafite foi realizada em dois momentos. No dia 06 de dezembro, o grupo se reuniu pela primeira vez e se conheceu durante uma oficina no escritório do UNFPA. Na ocasião, as mulheres e meninas refugiadas e migrantes – que são as mais vulneráveis à violência de gênero – aprenderam sobre conceitos e tipos de violência, ciclo da violência, mecanismos de denúncia e leis de proteção, como a Lei Maria da Penha. Foi nesse dia, que elas trocaram ideias e planejaram como seria a arte pintada no muro. O segundo encontro, foi o momento de botar as mãos – e pincéis – à obra. O objetivo geral da iniciativa é potencializar a luta pelo fim da violência de gênero.
Sobre a Campanha
A Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas é uma campanha nacional e mundial que promove atividades no âmbito da conscientização na luta contra a violência baseada no gênero. A campanha tem início em 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. No Brasil, a mobilização tem uma duração mais longa, começando em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, com o objetivo de incluir também a luta contra o racismo na pauta de ações.
Todos os anos, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) participa da campanha e organiza uma série de atividades com o objetivo de aumentar a conscientização pelo fim da violência contra mulheres e meninas. A iniciativa envolve os governos estaduais e municipais, assim como a Operação Acolhida, de recepção a pessoas refugiadas e migrantes vindas da Venezuela, outras agências da ONU e organizações da sociedade civil.
A programação de 2022 incluiu rodas de conversa sobre a Lei Maria da Penha, sessões informativas sobre enfrentamento da violência contra a mulher, atividades com homens debatendo masculinidades, confecção e exibição de cartazes, webinários e a oficina de grafite.
Em todo o mundo, cerca de 35% das mulheres já passaram por alguma situação de violência física ou sexual. Entre as mulheres e meninas que estão em regiões de conflito ou emergência humanitária, como é o caso da migração em massa de pessoas refugiadas vindas da Venezuela ao Brasil, esse índice pode chegar a 70%, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
O Fundo de População da ONU lidera a resposta em violência baseada no gênero em contextos de emergência humanitária e trabalha com a meta de alcançar zero violência e práticas nocivas contra meninas e mulheres até o ano de 2030.