A Organização de Professores Indígenas de Roraima (Opirr) rachou após a coordenação estadual da entidade anunciar uma paralisação para pedir a saída do secretário de Educação e Desporto, Nonato Mesquita, em protesto contra a nomeação da professora Irisnaide Macuxi para o cargo de diretora do departamento estadual de educação escolar indígena.
Em reação ao pedido, uma ala da organização resolveu pedir a saída da coordenadora estadual da Opirr, Rosivânia Demétrio Magalhães, e defender o secretário e a diretora, que também preside a Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima). O grupo defende o diálogo com o governo estadual, em vez de uma paralisação, pois enxerga o ato como prejudicial à educação indígena.
Para os docentes, que pediram anonimato à Folha, Irisnaide é a melhor opção para o cargo, pois conhece a realidade das comunidades. “É uma pessoa muito profissional, batalha há muito tempo na educação indígena. É uma pessoa estratégica, flexível. Assim que queremos uma gestora dentro do nosso departamento para conduzir os nossos trabalhos. É para atender todas as organizações indígenas. Vamos lutar pela permanência dela”, disse um dos professores.
Para o grupo, Rosivânia denigre a imagem da Opirr e manipula a opinião das comunidades indígenas e dos coordenadores regionais para defender seu posicionamento particular, que seria a indicação da professora Gleide de Almeida Ribeiro para o cargo hoje ocupado por Irisnaide.
Chefe da divisão de educação escolar indígena, Gleide chegou a ficar 44 dias à frente do departamento. Para um dos docentes, ela pouco contribui para a melhoria do segmento. “Ela não atingiu possivelmente as metas e desejos que ele [governador Antonio Denarium] tinha em mente para esse setor. Ele fez uma substituição. Isso é natural no setor público ou privado”, disse.
O grupo também disse que Nonato Mesquita nunca recusou ouvir a Opirr, mas solicitou que a organização indicasse nomes para o departamento por meio de assembleia geral, e não em reunião com coordenadores regionais, a exemplo do encontro do último sábado (10).
Uma professora afirma que a Opirr vive uma briga de poderes e que os docentes que defendem a paralisação “estão esquecendo que o objetivo principal é a educação”. Uma outra docente disse que o assunto não se trata de questão partidária, afirmou que Irisnaide é uma voz que “bate de frente” com a organização por desejar mudança e sugeriu avaliar a longo prazo o trabalho dela na diretoria.
A ala divergente da Opirr é formada por professores de regiões, como das Serras, Alto Cotingo, Serra do Sol (essas três de Uiramutã), Baixo Cotingo (Normandia), Serra da Lua (Cantá), Murupu (Boa Vista) e Tabai (Alto Alegre), além das comunidades Canauanim (Cantá) e Monte Moriá (Uiramutã) e da coordenação do Centro Makunaima da Sodiurr.