“Os recursos que estão sendo direcionados para o pagamento de dívidas herdadas de gestões passadas estão tirando a capacidade do Estado em investir em setores essenciais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”. Foi com essa afirmação que a governadora Suely Campos (PP) iniciou a entrevista exclusiva para a Folha, citando o montante de R$ 219 milhões já pagos nestes sete primeiros meses de Governo.
“Como assumimos dívidas deixadas pela gestão anterior, perdemos nossa capacidade de investir em projetos que beneficiariam a população. Isso penaliza a nossa sociedade porque impediu o Governo de investir mais em Educação, Saúde e Segurança para poder pagar essas dívidas antigas, já que esses pagamentos foram feitos com recursos próprios do Estado, o que compromete as finanças do Governo e hoje começa a fazer falta”, frisou.
Suely disse que desse montante de dívidas já pagas pelo governo, as maiores fatias são relativas a dívidas deixadas com fornecedores, salários atrasados de servidores e a parcela mensal de R$ 17 milhões referentes ao empréstimo contraído pelo governo de Anchieta Júnior (PSDB), cujo valor ultrapassa R$ 2 bilhões. Só as parcelas desse empréstimo já somam mais de R$ 122 milhões pagos pelo atual governo.
As dívidas com salários atrasados e encargos de servidores da administração direta somaram R$ 57,6 milhões e mais R$ 10,2 milhões da administração indireta, totalizando R$ 67,9 milhões. Com relação aos fornecedores, as dívidas antigas já pagas totalizam 38,5 mi, somados aos salários atrasados, o valor chega a R$ 96 milhões.
“Tivemos que tomar essa atitude com os fornecedores, por exemplo, para poder adquirir medicamentos, já que passamos por situações em que as empresas que forneciam para o Governo anterior se negavam a continuar fornecendo medicamentos por falta de pagamento e estamos pagando estas dívidas por entender que saúde é prioridade”, disse. “Ao todo, só para fornecedores, incluindo medicamentos, foram mais de R$ 38 milhões”, frisou. Informando que ainda falta pagar mais de R$ 60 milhões referentes a dívidas antigas também com fornecedores.
Ela ressaltou que a equipe de governo tem trabalhado para conter gastos, evitar despesas, pagar o funcionalismo em dia e fazer a correta prestação de contas da aplicação dos recursos federais. “Não vamos deixar o Estado fragilizado, por isso diminuímos o peso da máquina administrativa, e estamos cumprindo com os pagamentos em dia e mantendo os recursos federais sempre bem aplicados, de forma a não deixar o Estado voltar para o Cadin [Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal]”, disse. Recuperamos os convênios e pagamos sete milhões de contrapartida”, frisou.
Mesmo com a crise financeira do País, e que também atinge Roraima, Suely destaca que seu governo está fazendo esforço para manter o salário dos servidores em dia. “O estado do Rio Grande do Sul, que é mais desenvolvido que Roraima, está parcelando os salários dos seus servidores, mas fazemos um esforço gigantesco para não deixar os servidores sem seus vencimentos, honrando religiosamente o pagamento todos os meses”, frisou.
Outro ponto citado pela governadora é quanto ao repasse integral dos poderes, num total de quase R$ 42 mi todos os meses. “É um compromisso desse governo manter o repasse do duodécimo dos poderes em dia. Na sexta-feira, dia 21, repassamos R$ 41.997.187,73 referentes ao mês de agosto. Esse ano, já foram repassados R$ 335.327.501,84”, afirmou. (R.R)
Governadora pede paciência enquanto tenta equilibrar as finanças do Estado
A governadora Suely Campos disse entender a cobrança da população que pede melhorias em alguns setores, mas ressaltou que está trabalhando para equilibrar as finanças do Estado e investir em seus projetos de governo. “Entendo essa cobrança das pessoas nas ruas, até porque já estamos no segundo semestre do governo, mas não podemos dar conta dos desmandos deixados pelos governos anteriores. Pegamos o Estado em situação caótica em todos os setores”, disse.
“Mas já avançamos muito. E pedimos um pouco mais de paciência da população para iniciarmos nosso governo de verdade”, frisou.
Quanto a melhorias na área de saúde, a governadora afirmou que os avanços já podem ser sentidos pela sociedade apesar de ainda estar trabalhando para aumentar a oferta de leitos, que deverá acontecer com a conclusão das obras do Hospital das Clínicas (HC).
“A dificuldade que temos hoje é a questão da quantidade de leitos insuficientes para atender a população, mas esse problema será amenizado com a inauguração do Hospital das Clínicas, que devemos inaugurar no final deste ano”, disse.
Apesar dos esforços para equilibrar as finanças nestes primeiros oito meses de governo, Suely falou que é difícil estipular uma data em que os projetos de governo possam ser colocados em prática. “É difícil mensurar. Principalmente no momento em que o País passa por uma crise. Mas estamos sempre promovendo formas de arrecadação de recursos, seja com campanhas de ICMS e IPVA”, frisou. (R.R)