O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), empossado nesse domingo, 1º, terá que equilibrar a expectativa dos eleitores para políticas de combate à desigualdade social e aumento de renda com a tensão do mercado em equilibrar a máquina pública e manter a situação fiscal estável. É o que acredita o cientista político e doutor Roberto Ramos, que concedeu entrevista ao programa Agenda da Semana desse domingo, transmitido pela Folha FM.
Ramos acredita que não haverão ‘milagres’ com a próxima gestão. “As esperanças se renovam quando se muda um governo, mas não esse desejo de mudanças profundas. Também não acredito em milagres de governo. A gente deve trabalhar no fortalecimento da democracia e de uma população mais educada”.
Para o cientista político, a desigualdade social é uma questão chave para o Brasil nos próximos anos e terá que fortalecer políticas para reduzir a distância de renda com a questão fiscal.
“Estamos em um estado indígena e a participação dos indígenas nessa riqueza nacional é muito recente. Se formos olhar a incorporação das questões indígenas de uma forma que gere mais cidadania, isso ocorreu na Constituição de 1988. Isso [desigualdade social] vai ser um grande desafio para o novo governo. Se é inegável que o Lula se conseguiu fortalecer nacionalmente para um terceiro mandato com a defesa de uma agenda social, isso terá um custo muito alto para o estado brasileiro”, acredita Ramos.
União
Apesar da responsabilidade do novo governo, para Ramos, é preciso ter um pacto social com a sociedade para o fortalecimento de políticas públicas sociais.
“Acho que isso precisa ser um pacto social. Nenhum governo vai conseguir isso como uma ação permanente de Estado se não houver por parte da sociedade e das elites brasileiras o compromisso e a vontade de que algumas políticas públicas, como combate à fome, deveriam permanecer”