Com a redução de R$ 4 milhões no orçamento de 2023 em relação a 2022, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) não tem “condições de fechar o ano”, afirma o reitor da instituição, José Geraldo Ticianeli. A fala ocorreu durante entrevista ao Agenda da Semana deste domingo (22).
“O orçamento de 2022 foi na ordem de R$ 38 milhões. Pode ser um número significativo, mas quando você tira os investimentos, sobraram R$ 32 milhões e nem todo esse recurso nós podemos usar para todas as ações. Cada orçamento do governo, vem com uma ação específica, então tem o funcionamento, a educação básica. Para 2023, a LOA, nós já temos a informação, porque ela foi sancionada pelo presidente, de R$ 34 milhões. Uma redução de R$ 4 milhões. Lembrando que nós temos uma inflação aí na ordem de 10% ou 12%, ainda não vi o IPCA. Com esse recurso, nós não fechamos o ano”, comentou.
Na última semana, reitores de universidades federais tiveram uma reunião com o Ministro da Educação, Camilo Santana, sobre uma solução para a redução no orçamento das instituições. Em um encontro com o presidente Lula, o chefe do Executivo também se mostrou sensível a questão, conforme Ticianeli.
“Com a aprovação da PEC [da Transição] em dezembro, na conta do Ministério da Educação tem R$ 1,5 bilhão, que ainda não foi distribuído. Então, já iniciamos as reuniões com o Ministro, um dia antes da reunião com o presidente, para que possa dividir isso dentro da matriz de forma igualitária. Esse é o grande ponto também para que não faça os pedidos de balcão. Então, se essa distribuição acontecer, que até o momento não houve e as aulas já vão iniciar, teremos condição de fechar o ano com bastante tranquilidade. Honrando com nossos compromissos tanto de bolsas, quanto de funcionamento, restaurante, residência universitária. E as obrigações internas como água e energia”, detalhou.
Ticianeli expôs que a evasão na UFRR chega a ser de 30% a 40% e a pandemia foi uma das causas. No entanto, a redução do orçamento, pode piorar esta porcentagem. A universidade também emprega ao menos 700 terceirizados distribuídos nos campus do Cauamé, Murupu e Paricarana.
“Muitas pessoas dizem que tem que cortar porque a universidade não dá retorno. Mas temos responsabilidade com pais de famílias. Então, a limpeza, a manutenção, a segurança, tudo isso é feito por terceirizados que dependem do orçamento da universidade. Nós temos hoje 1,5 mil alunos em situação de extrema vulnerabilidade, nós temos alunos de outros países que dependem das bolsas para permanecer”, esclareceu.
O reitor compartilhou que a UFRR é a maior pagadora individual de energia no estado.
“Por isso, nós estamos construindo a usina de energia fotovoltaica para diminuir um pouco esse consumo. Até por ser uma energia renovável, tem toda a bandeira que a universidade tem obrigação de levantar. Mas, com R$ 5 milhões de contrato, recebendo R$ 32 milhões, a conta não fecha”.