O secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba irá realizar uma auditoria interna para reavaliar contratos de medicamentos e de realização de voos acordados para o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y).A declaração foi dada em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, 24, na sede do distrito, em Boa Vista.
As medidas fazem parte do plano de ação do Ministério da Saúde após a Pasta federal decretou na última sexta-feira, 20, emergência pública na Terra Indígena Yanomami. A região sofre com desassistência sanitária e enfrenta casos de desnutrição severa e de malária. Mais de mil indígenas foram resgatados. De acordo com o secretário o cenário encontrado foi degradação e a operação para prestar atendimento aos indígenas será complexa.
“A nossa intenção é levar um hospital de campanha para dentro do território indígena Yanomami, para a região Surucucu. Levando uma estrutura mínima com profissionais, com materiais, com insumos. Tentar recuperar todo o esquema de vacinação que foi fragilizada naquela região”, disse o secretário
Tapeba integrou a comitiva presidencial, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visitou Boa Vista no último sábado, 21. Entre outras ações o secretário informou que o Hospital de Campanha para atender indígenas resgatados em situação crítica começou a ser erguido nesta terça-feira, 23. Desde a última segunda-feira, 22, Médicos e enfermeiros da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) começam a reforçar o atendimento aos indígenas.
Auditoria
O secretário informou ainda que os contratos serão auditados. A região enfrenta desabastecimento de remédios básicos. Em novembro do ano passado, uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), mirou suspeitas de desvio no uso de verba para remédios na área Yanomami. A suspeita era de que só 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo DSEI-Y teriam sido devidamente entregues.
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“Nós pretendemos, inclusive, implantar aqui uma auditoria interna para acompanhar essas questões envolvendo contratos. O fato é que é um absurdo a gente ter que, inclusive, pensar nessa possibilidade de desvio de recursos para medicamentos, por exemplo”, avalia o secretário.
Tapeba ainda pontuou a atuação de grupos criminosos dentro do território indígena e e que viu garimpeiros armados, que não se intimidaram com a presença dos servidores do Ministério da Saúde e de militares.
“Um garimpo invadiu as aldeias e essas comunidades estão à mercê do crime organizado. Eu não falo garimpeiros, eu falo crime organizado porque são muitas pessoas armadas coagindo, não se intimidam com a presença da Força Aérea Brasileira. Então, precisamos, de fato, implantar um plano de desintrusão”
Quem é?
Ativista, advogado e líder de comunidade, Ricardo Weibe Tapeba assume a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. Tapeba faz parte da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e, em 2016, foi eleito vereador do município de Caucaia, no estado cearense.
