O consumo de produtos com alto teor de açúcar e gordura começa cedo no Brasil.
Estudo inédito do Ministério da Saúde revelou que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes ou suco artificial.
No Norte, mais da metade (51,9%) das crianças consomem esses alimentos e 32,9% tomam refrigerantes, superando a média nacional.
Este é o terceiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que traz medidas inéditas da população do país, como peso, pressão arterial e circunferência da cintura.
Além das mudanças nos hábitos alimentares na infância, os dados alertam para os crescentes índices de excesso de peso e obesidade em adultos.
“O excesso de peso é um problema grave, porque é um fator de risco para doenças do coração e outros problemas crônicos. É fundamental trabalharmos o incentivo a prática de exercícios e alimentação saudável desde cedo com as nossas crianças para reverter esse quadro. As crianças, muitas vezes, ajudam na conscientização e mudança de hábito dos pais”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Apesar da presença de produtos industrializados na alimentação das crianças, o estudo demonstrou que as mães brasileiras continuam amamentando seus filhos mesmo após os seis meses de idade, período preconizado para o aleitamento exclusivo.
Mais da metade (50,6%) das crianças brasileiras e 63,5% das que vivem no Norte, entre nove e 12 meses, estão em aleitamento materno de modo complementar.
Os dados apontaram também que a maior parte das primeiras consultas dos bebês (até sete dias depois da saída da maternidade) foi na rede pública de saúde – 62,5% nas unidades básicas de saúde e hospitais públicos e 26,4% em consultório particular.
Também mostrou índice de 70,8% de crianças com menos de dois anos que fizeram o teste do pezinho e 75,9% com um ano que já haviam tomado três doses da vacina tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e meningite), ofertada aos dois, quatro e seis meses de idade.
A Pesquisa Nacional de Saúde foi feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014.
É o mais completo inquérito de saúde do Brasil, com dados sobre informações do domicílio, equipe de saúde da família, pessoas com deficiências, saúde dos indivíduos com 60 anos e mais, crianças com menos de 2 anos, acidentes e violência, estilos de vida, doenças crônicas, saúde da mulher, atendimento pré-natal, saúde bucal e atendimento médico.
Essas informações servem de base para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas para os próximos anos.
OBESIDADE E HIPERTENSÃO
As mudanças no padrão de alimentação do brasileiro, bem como o menor tempo dedicado a atividades físicas, levam cada vez mais pessoas ao excesso de peso e obesidade.
A Pesquisa Nacional de Saúde pesou e mediu a circunferência da cintura dos entrevistados e os dados demonstram que 56,9% dos brasileiros com 18 anos ou mais estão acima do peso, 82 milhões de pessoas.
O índice é superior ao calculado em 2003 pela POF/IBGE, que registrou 42%. No Norte o número é de 53,9%.
Preocupa também a massa de gordura abdominal, que pela primeira vez foi medida por uma pesquisa no Brasil.
Mais da metade das mulheres (52,1%) apresentaram prevalência superior de obesidade abdominal, com cintura acima de 88 cm, segundo parâmetros da Organização Mundial de Saúde.
O índice é menor entre os homens: 21,8% têm a cintura acima de 102 cm, o que aponta circunferência aumentada no caso masculino. No Norte do país, 43,1% das mulheres e 17,3% dos homens apresentam obesidade abdominal.
Essa medida é importante porque está associada a doenças como obesidade, hipertensão e diabetes, que levam a problemas cardíacos.
O público feminino também foi o que registrou maior índice de obesidade. Uma em cada quatro mulheres (24,4%) brasileiras estão obesas.
Esse índice era 14% em 2003. Entre os homens o percentual é menor, 16,8%. No Norte, os números são de 20,1% para mulheres e 15% para homens.
Já a pressão alta atinge mais os homens. Essa realidade nacional está presente no Norte.
O estudo mediu a pressão dos entrevistados, algo inédito para um levantamento desta escala, e apontou que 22% dos brasileiros e 16 % dos residentes no Norte têm pressão arterial elevada.