A educação infantil é palco da construção do caráter das crianças, bem como seus valores e moralidade, além de ser o poço de conhecimento com o qual as crianças podem aprender e entender o mundo à sua volta. A escola possibilita que as práticas sociais, interações e contato com culturas e formas diferentes de ver o mundo construam as facetas da personalidade de uma criança.
No entanto, se esse palco descrito é engessado pela mentalidade antiquada de que o professor é o detentor máximo do conhecimento e a criança deve apenas obedecer, escutar, memorizar e reproduzir se torna muito difícil para que o aluno desenvolva a autonomia.
O que significa autonomia?
O conceito básico de autonomia remete à “capacidade ou habilidade de tomar decisões baseadas em informações e experiências prévias”. A infância é um momento muito importante para o desenvolvimento da autonomia, e é nesse momento que a criança deve experimentar, tentar e errar em um ambiente controlado, sem que haja consequências que comprometam o futuro daquela criança.
Um aluno que é moldado pelo formato que extingue as formas de liberdades acaba se tornando um adulto conformado, que muitas vezes não possui ambições ou desejo de explorar e mudar o mundo. Já as crianças que têm autonomia desde cedo, já no ensino infantil, possuem uma visão mais ampla, mesmo que não seja profunda, do mundo que a cerca e, por consequência, se torna mais preparada para enfrentar os problemas do mundo.
Mas como o professor pode desenvolver autonomia em seus alunos?
Um dos pilares do estímulo à autonomia é que o professor instigue os alunos a fazerem perguntas e tirarem as próprias conclusões, afinal as crianças são naturalmente curiosas e, quando pequenas, querem descobrir tudo à sua volta. Ao invés de o professor ser categórico e responder às dúvidas de forma simples e curta, o ideal é que ele dê as ferramentas e os exemplos para que os alunos desenvolvam o raciocínio lógico e cheguem às conclusões sozinhos. Uma forma de exemplificar é atribuir um problema simples e deixar as crianças resolverem; no momento de corrigir a tarefa, o professor não vai simplesmente dizer “certo” ou “errado”, e sim “como você chegou nesse resultado?” ou “quem resolveu de forma diferente?”. Dessa forma, o professor abre uma linha de diálogo para o aluno expressar seu raciocínio e exercitar a capacidade de tomar decisões conscientes.
Outra forma muito utilizada pelos sistemas mais atuais de Educação Básica é dar liberdade para os alunos e incentivar as suas iniciativas, seja para um tema de debate, uma abordagem de trabalho, ou uma forma de atividade. Por exemplo, se os alunos estão aprendendo nas aulas de história sobre o Egito Antigo, é possível propor aos alunos que façam uma maquete e pesquisem sobre o assunto para apresentar aos colegas, ou uma pequena peça de teatro durante a aula – qualquer que seja a iniciativa do aluno é válida e deve ser escutada, pois aquela criança está demonstrando interesse pelo assunto.
Por fim, deve ser valorizada a iniciativa dos alunos ajudarem seus colegas em atividades ou brincadeiras, pois o auxílio ao próximo, principalmente nas crianças mais novas, faz com que se sintam valorizadas dentro da sala de aula, e, no futuro, o aluno não se sentirá apenas mais um número na lista de chamada, e sim visto como um integrante importante e participativo daquela turma que, quando possível, auxilia seu professor e seus colegas no andamento das aulas.